Os cálculos biliares podem ser divididos em dois grandes grupos: cálculos amarelos (de colesterol) x cálculos pigmentares (de bilirrubinato de cálcio).
Doença Calculosa Biliar
Os cálculos biliares podem ser divididos em dois grandes grupos: cálculos amarelos (de colesterol) x cálculos pigmentares (de bilirrubinato de cálcio).
Os cálculos amarelos representam a grande maioria (75% dos casos) e são formados na presença de um excesso de colesterol em relação à capacidade solubilizante da bile. Desse modo, podemos definir como fatores de risco:
- Sexo feminino;
- História familiar;
- Dismotilidade vesicular: pacientes submetidos à vagotomia troncular, usuários de nutrição parenteral total, diabéticos, gestantes e pacientes com lesão de medula espinhal;
- Estrogênio e Progesterona: estrogênio estimula a síntese de colesterol e a progesterona reduz a contratilidade da vesícula;
- Idade avançada;
- Obesidade: pela hipersecreção de coleterol;
- Emagrecimento significativo acelerado: importância do ursodesoxicolato como profilaxia nos pacientes submetidos à cirurgia de derivação gástrica;
- Drogas: clorofibrato (hipolipemiante que aumenta a excreção biliar de colesterol);
- Ressecção Ileal e Doença de Crohn: comprometimento da circulação êntero-hepática, com redução do pool de sais biliares (solubilizam o colesterol).
Já os cálculos pigmentados, podem ser pretos ou castanhos.
Os cálculos pretos são formados na vesícula e se formam devido a precipitação de bilirrubina não conjugada (ou indireta). Desse modo, são os cálculos classicamente relacionados a situações de hemólise crônica, como a anemia falciforme, a talassemia e a microesferocitose. Outra situação relacionada é a cirrose hepática, devido à conjugação deficiente da bilirrubina.
Os cálculos castanhos são formados no colédoco, devido a desconjugação da bilirrubina direta (que então precipita). Associa-se fortemente à infecção (especialmente por E. coli, que produzem glicuronidases responsáveis por esta desconjugação), geralmente decorrente de algum processo obstrutivo. Como exemplo, podemos citar as estenoses da colangite esclerosante, nos segmentos dilatados da doença de Caroli e até mesmo na obstrução por Ascaris lumbricoides. A ceftriaxona também é uma droga que parece aumentar o risco de litíase por cálculos castanhos.
Na grande maioria das vezes, a presença de cálculos biliares não traz nenhum sintoma. Entretanto, quando presentes, o principal sintoma é a dor aguda, caracteristicamente de curta duração (< 4-6 horas), no quadrante superior direito (a típica “cólica biliar”). A dor muitas vezes ocorre após refeição com alimentos gordurosos, ocorrendo devido a obstrução (na maioria das vezes intermitente) da luz da vesícula por um cálculo. A suspeita diagnóstica pode ser confirmada pela ultrassonografia abdominal, que irá mostrar as características imagens hiperecogênicas arredondadas com suas respectivas sombras acústicas (observe a imagem abaixo).
O tratamento é fundamentalmente cirúrgico, mas não se encontra indicado em todos os casos. As principais indicações para a colecistectomia são os pacientes sintomáticos ou aqueles assintomáticos que possuam: cálculos > 3 cm, associação com pólipos de vesícula biliar ou vesícula em porcelana.
A colecistite aguda, uma importante complicação da colelitíase, será abordada num próximo momento. Bons estudos e uma boa semana!
Igor Torturella
Leia também: