Estudos realizados na Inglaterra sugerem que indivíduos com apneia do sono e diabetes tipo 2 tem mais do que o dobro de risco de desenvolver Retinopatia Diabética em comparação aos portadores de diabetes que não apresentam distúrbios do sono.
Pesquisadores acompanharam adultos com diabetes tipo 2 ao longo de quatro anos e descobriram que, dentre os que possuíam Retinopatia Diabética mais suave no início, os que apresentavam apneia do sono tinham maior probabilidade de progredir para quadros de maior gravidade com o decorrer do tempo. Foi constatado já no começo do estudo que 43% dos indivíduos com apneia do sono poderiam ter a visão ameaçada pela doença, enquanto apenas 24% dos que não tinham distúrbios do sono apresentavam esse risco.
Outros pesquisadores científicos da University of Birmingham confirmaram a tese de que pacientes com diabetes tipo 2 com apneia obstrutiva do sono possuem maiores riscos de desenvolver não só avançados quadros de Retinopatia Diabética, como também danos às funções renais – fatos registrados em outros estudos já publicados. Relataram, ainda, que o diagnóstico precoce de distúrbios respiratórios do sono nesses pacientes diabéticos ajudaria a identificar indivíduos pertencentes aos grupos de risco e, nesse contexto, a permitir aos médicos estratégias de combate às complicações relacionadas a visão de modo a promover prevenção a maiores danos na retina.
A Retinopatia Diabética afeta cerca de 50% dos indivíduos com diabetes. Continua pouco esclarecido, contudo, o que contribui para o seu desenvolvimento ou o que faz a doença piorar. O mesmo grupo de pesquisadores da University of Birmingham iniciou um estudo com 230 pacientes sem diagnósticos prévios de distúrbios respiratórios, incluindo apneia do sono. Após o monitoramento dos pacientes, 63% dos envolvidos desenvolveram apneia obstrutiva do sono. No início, as taxas de ameaça à visão pela Retinopatia Diabética, de Retinopatia Diabética avançada e de Maculopatia já eram maiores em pacientes com apneia do sono do que naqueles sem o distúrbios. Com o passar do tempo, o triplo do número de pacientes com apneia do sono avançaram para estádios mais avançados da doença em comparação aos que não apresentavam apneia.
A piora do quadro de apneia do sono aumenta o desenvolvimento da Retinopatia Diabética, mas não a velocidade com a qual a doença progride, de acordo com pesquisadores. O uso de oxigênio por meio de pressão positiva contínua na via aérea (CPAP) como tratamento reduz a progressão da doença, de maneira a diminuir a pressão arterial, a melhorar a qualidade do sono e a qualidade de vida do paciente, a amenizar os sintomas da apneia obstrutiva do sono e a reduzir, assim, acidentes de trânsito.
O artigo também cita o trabalho de outros estudiosos, que relataram a relação entre quadros avançados de Retinopatia Diabética com a diabetes tipo 2 associada a apneia obstrutiva do sono ou ao controle inadequado da glicemia. Esses pesquisadores, ainda, concluíram em pesquisas que mulheres possuem maiores riscos de contrair a Retinopatia Diabética – assim como microaneurismas – do que homens, fato provavelmente relacionado com as diferenças hormonais entre os gêneros ou com a maior intensidade inflamatória do organismo feminino.
Autor: Rafael Kader