Estudo realizado por um grupo de 19 pesquisadores da América do Sul analisa a extensão dos transtornos causados por uso de anfetaminas, cocaína, maconha e opioides na região, verificando desdobramentos como dependência, incapacidade e morte. O trabalho mostra que a maioria dos transtornos está associada aos opioides, como a heroína e alguns analgésicos. Já as ocorrências relacionadas à cocaína estão em queda, mas ainda são mais elevadas que a média mundial. A pesquisa contou com a participação do Departamento de Psiquiatria e de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pode servir como fonte de informação para orientar políticas de saúde pública. As conclusões do trabalho são detalhadas em artigo publicado na edição de fevereiro da revista científica The Lancet Psychiatry.
Os países da América do Sul apresentaram maiores índices de anos de vida vividos com incapacidade e menores níveis de anos de vida perdidos em comparação com as taxas globais relacionadas ao transtorno do uso de anfetamínicos. “Provavelmente, isso se deve ao fato desses transtornos serem relacionados ao uso não médico de anfetamínicos de prescrição mais comum em comparação aos metanfetamínicos, que estão mais relacionados a overdoses e morte”, comenta Castaldelli Maia. “Peru e Paraguai apresentaram taxas maiores que os outros países da região.”
De acordo com o psiquiatra, o nível de transtorno por uso de cocaína caiu em alguns países da América do Sul, mas os esforços de prevenção e tratamento na região devem ser mantidos. “No caso dos analgésicos opioides, a sugestão é que a educação médica para gerenciamento eficaz e serviços de vigilância em saúde para monitorar prescrições em farmácias são necessários para evitar o uso indevido”, afirma. “Os números dos transtornos por uso de anfetaminas não mudou, portanto, são necessários programas de gerenciamento, especialmente para prevenir o uso não médico de drogas estimulantes entre os jovens.”
Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/opioides-em-alta-grupo-analisa-extensao-dos-efeitos-do-uso-de-drogas-na-america-do-sul/