No dia 22 de abril, o governador do Estado de São Paulo, João Doria, apresentou o Plano São Paulo, no qual detalha estratégias para a retomada econômica. O plano adota o isolamento contingencial, diferindo-se do já implementado isolamento horizontal ou da teoria de isolamento vertical. A princípio, o governador anunciou a intenção de reabrir a economia a partir do dia 11 de maio, mas, segundo o plano divulgado, a ação deve ocorrer de forma escalonada e seguindo parâmetros estabelecidos.
O professor Fernando Coelho, do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas e coordenador do Laboratório de Gestão Governamental da EACH USP, comenta ao Jornal da USP no Ar que o governo de São Paulo, assim como alguns outros Estados, tem sofrido pressão política e por parte do empresariado para a reabertura econômica. O Plano São Paulo visa a um modelo de isolamento contingencial, buscando estabelecer uma quarentena heterogênea e baseada nas condições regionais ou locais, já que a realidade dos municípios é diferente. O governo estadual irá analisar uma série de parâmetros para flexibilizar o isolamento, que deve ter três níveis, como explica Coelho: “Dentro desse monitoramento vão ser propostos os níveis de isolamento. A princípio serão três níveis: o isolamento total, um processo mais flexível e até uma abertura um pouco maior, se a situação estiver um pouco mais satisfatória”.
Coelho afirma que, para a efetividade do plano, é essencial atentar à questão técnica, que consiste na capacidade hospitalar em relação à disponibilidade de leitos de UTI de cada município, lembrando que, não raramente, municípios pequenos não possuem hospitais, apenas Unidades Básicas de Saúde, e necessitam do suporte de regiões vizinhas. Também há a necessidade da criação de um plano de comunicação incisivo entre o governo e a população para garantir a compreensão e a necessidade de se cumprir as medidas determinadas. Além disso, a Secretaria Estadual da Saúde e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional deverão coletar dados e dialogar com os municípios do Estado.
Para o especialista em gestão de políticas públicas, é primordial não abrir mão das condições colocadas no plano, pois a flexibilização do isolamento não será aleatória. “Não vão ser pressões políticas de um prefeito aqui e acolá que vão levar o governo estadual a abrir a economia em alguma região, mas, sim, a natureza dos dados que estão ali colocados em termos de incidência da covid-19, da capacidade hospitalar e dos equipamentos públicos de saúde.”
Original com podcast: https://jornal.usp.br/atualidades/reabertura-da-economia-no-estado-depende-da-capacidade-de-atendimento-hospitalar/