Pergunta : Rafael Amorim ( Universidade Regional de Blumenau )
Boa tarde. Primeiro gostaria de parabenizá-los pelo site. Muito bom mesmo…
Sou médico formado há poucos meses e no momento estou trabalhando e fazendo curso preparatório para residência.
Já tenho bem definido que quero uma especialidade cirúrgica, independentemente da qualidade de vida, pois é isso que me faz realizado como profissional. Porém também quero prezar ao máximo pela qualidade de vida.
Dentre todas, as que mais me chamam a atenção é a Cirurgia do Aparelho Digestivo, Cirurgia Pediátrica e Cirurgia Oncológica. Também tenho uma grande adoração pela Cirurgia Geral e do Trauma, mas infelizmente a qualidade de vida é menor. Gostaria de saber algumas coisas sobre aquelas 3 primeiras que citei ? (mercado de trabalho, concorrência em residência, eletividade em cirurgia…)
Pergunta : Rafael Amorim ( Universidade Regional de Blumenau )
Boa tarde. Primeiro gostaria de parabenizá-los pelo site. Muito bom mesmo…
Sou médico formado há poucos meses e no momento estou trabalhando e fazendo curso preparatório para residência.
Já tenho bem definido que quero uma especialidade cirúrgica, independentemente da qualidade de vida, pois é isso que me faz realizado como profissional. Porém também quero prezar ao máximo pela qualidade de vida.
Dentre todas, as que mais me chamam a atenção é a Cirurgia do Aparelho Digestivo, Cirurgia Pediátrica e Cirurgia Oncológica. Também tenho uma grande adoração pela Cirurgia Geral e do Trauma, mas infelizmente a qualidade de vida é menor. Gostaria de saber algumas coisas sobre aquelas 3 primeiras que citei ? (mercado de trabalho, concorrência em residência, eletividade em cirurgia…)
Resposta :
Uma vez que vc já se definiu por uma especialidade cirúrgica, e vai ter mesmo que passar pela residência de cirurgia geral, a sugestão é que somente durante o R2 de geral é que vc se preocupe com a escolha da sub especialidade cirúrgica, porque durante a residência de cirurgia geral vc vai lidar com varios tipos de cirurgias e vários tipos de pacientes, já terá mais informações sobre essas sub especialidades e então sua escolha vai ser mais racional e mais madura.
De qq modo, algumas informações sobre as especialidades citadas por vc, poderão te ajudar no futuro :
A Cirurgia Geral não é uma especialidade muito valorizada no Brasil, até porque a maioria dos médicos termina por se sub-especializar depois da residência em cirurgia geral. O tempo de formação acaba sendo maior e a vida útil do profissional é menor ( a medida que ele vai envelhecendo, a clientela vai preferindo médicos mais jovens ), a remuneração do cirurgião geral é ruim porque a tabela dos convênios é muito baixa e a qualidade de vida não é muito boa.
O valor dos honorários do cirurgião vai depender não somente da cidade onde ele estiver exercendo a profissão, mas também da sub especialidade cirúrgica que ele tiver escolhido.
A caracterização da Cirurgia Gastroenterológica como sub especialidade da cirurgia geral é relativamente recente e ainda não muito bem aceita por todos os cirurgiões.
A rigor todas as cirurgias que envolvem o aparelho digestivo podem se encaixar dentro dessa especialidade, desde cirurgias de esôfago até cirurgias de reto, mas a expressão maior, principalmente no momento, fica com a cirurgia bariátrica para pacientes portadores de obesidade.
Como a obesidade é hoje considerada uma das doenças de maior crescimento no mundo todo, a indicação da cirurgia bariátrica, nas suas diferentes modalidades, tem sido cada vez maior e consequentemente tornando esse mercado promissor.
No entanto, sabemos que as indicações dessas cirurgias ainda são um pouco discutidas e não sabemos exatamente como vai ficar isso daqui a alguns anos.
Essa cirurgias, na verdade, representam mais do que o simples ato cirúrgico, porque envolvem toda uma equipe multiprofissional e o paciente obeso mórbido necessita de um preparo, principalmente psicológico, grande antes da cirurgia.
Além disso, nem todos os hospitais estão preparados para esse tipo de cirurgia, já que envolve peculiaridades como leitos especiais…
Resumindo: tratando-se da cirurgia bariátrica, podemos dizer que no momento é um bom mercado, mas não podemos prever daqui a 10 anos.
Em relação às outras cirurgias do aparelho digestivo, o problema é a competição com outros tipos de cirurgiões. Por exemplo: quem deve operar um Câncer de colo? Um cirurgião geral? Um Proctologista? Um cirurgião oncológico ou um cirurgião gastroenterológico.
A Cirurgia do Trauma é uma área de atuação médica, subespecialidade da Cirurgia, reconhecida pela resolução 1.973/2011[1] do Conselho Federal de Medicina. Conforme a resolução 1.973/2011, a formação é opcional em programas de residência médica em Cirurgia geral, sendo adicionado 1 ano aos 2 já existentes. Além disso, pode ser realizado um concurso do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, disponível apenas para cirurgiões.
A subespecialidade de Cirurgia do Trauma foca nos procedimentos cirúrgicos de urgência e emergência, realizados em pacientes que sofreram algum trauma recente. Esse tipo de paciente diferencia-se dos outros devido à necessidade de procedimentos rápidos, intervenções agressivas e, muitas vezes, controle rigoroso de hemorragias. Além disso, o cirurgião do trauma deve saber lidar com pacientes em situação constante de risco de morte, bem como devem preparar-se para um índice de mortalidade maior do que a maioria de seus colegas cirurgiões.
A especialidade é diferente da ortopedia e traumatologia porque essas envolvem tambem o tratamento de pacientes não cirúrgicos.
A cirurgia do trauma tende a assumir papel mais importante, dentro do contexto da medicina, a medida que forem criados mais centros regionais de trauma, como já acontecem em vários países e aí teremos cirurgiões dessa especialidade de plantão nesses serviços.
A cirurgia pediátrica, no momento, é uma especialidade ruim e com muito poucos profissionais fazendo essa escolha. Os valores pagos pelos planos de saúde são ridículos ( uma postectomia remunera cerca de R$ 100,00 ).
Como o mercado está absolutamente carente de cirurgiões pediátricos, pode passar a ser uma boa opção a partir do momento que a sociedade brasileira de cirurgia pediátrica se mobilize ( e já está fazendo isso ) para alterar as tabelas de planos de saúde. Os poucos cirurgiões pediátricos atuais estão fugindo dos convênios e somente atendendo pacientes particulares, onde a remuneração pode ser melhor.
Em relação à cirurgia oncológica, é uma especialidade cada vez mais em crescente pelo aumento da faixa etária da população e consequentemente mais casos de câncer e muitos deles com necessidade cirúrgica. Portanto não existe nenhuma possibilidade do cirurgião oncológico deixar de existir ou ser substituído pelos oncologistas clínicos.
Sucesso
Mário Novais