Primeiramente a pancreatite deve ser identificada ou como leve ou como grave. Ambos os casos devem receber o tratamento básico, que consiste em suporte sintomático, repouso pancreático e prevenção das complicações. A pancreatite grave recebe além do tratamento básico um cuidado mais minucioso.
O tratamento básico é composto por:
- Dieta zero por 48-72 horas, seguida por alimentação líquida hipolipídica gradual desde que seja tolerada clinicamente e a boa resposta laboratorial também seja mantida
- Hidratação venosa (30ml/Kg/dia com solução cristalóide ou, se necessário, colóide)
- Analgesia (1-2 g de dipirona a cada 4 horas e tramadol IV 50-100 mg a cada 6 horas)
- Profilaxia para úlcera de estresse e TVP
- Pró-cinéticos (bromoprida 10 mg IV a cada 6-8 horas)
- Controle glicêmico (a glicemia não deve ultrapassar o valor de 150 mg/dL)
O tratamento específico da pancreatite grave é definido como:
- Suporte nutricional (cateter em posição jejunal por endoscopia, desde que a gastroparesia grave ou íleo paralítico não estejam presentes. Nestes casos, nutrição paraenteral por glutamina venosa)
- Antibioticoprofilaxia é contraindicada pela maioria dos especialistas, embora de 30 a 50% das pancreatites agudas graves evoluam com infecção pancreática
Deve ser realizada punção do tecido necrótico guiada por TC nos doentes que evoluírem com piora progressiva. O material então é corado pelo método de Gram e semeado em cultura. Caso ambos sejam negativos, a necrose é estéril e portanto o tratamento não muda.
Quando a cultura for positiva ou houver gás no tecido pancreático, adiciona-se a terapia já estabelecida imipenem venoso e debridamento cirúrgico.
A CPRE está indicada nos casos de obstrução do colédoco.
Fonte: Manual de Medicina Intensiva. Nacul et al. Editora Elsevier.