Pesquisadores da Fiocruz Rondônia avaliaram a incidência de bactérias resistentes a antibióticos, em contextos de infecções hospitalares, em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de Porto Velho. O estudo é coordenado pela pesquisadora em Saúde Pública Najla Benevides Matos, chefe do Laboratório de Microbiologia da Fiocruz Rondônia, com base em amostras coletadas de três hospitais públicos de referência, na capital do estado. os dados preliminares apontam alta incidência dessas bactérias. A pesquisa é desenvolvida pelo Laboratório de Microbiologia da Fiocruz Rondônia e financiado pelo Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS/Ministério da Saúde) e Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero).
Os dados iniciais apontam para a prevalência de Pseudomonas aeruginosa em 312 amostras coletadas de pacientes e profissionais de saúde que participaram da pesquisa em um único hospital. Najla destaca que Pseudomonas é uma bactéria oportunista, “ou seja, se aproveita da fragilidade das células de defesa (sistema imunológico) de alguém que já está doente para causar ainda mais problemas, e isso ocorre principalmente nos pacientes hospitalizados, que se não tratados adequadamente, podem vir à óbito.” Além disso, na UTI desse hospital, foi observada a presença de Pseudomonas aeruginosa multirresistente a antibióticos de última classe (carbapenêmicos), em 50% das bactérias analisadas.
O estudo também avalia a presença de outras bactérias que, juntamente com as Pseudomonas, figuram no topo do ranking de resistência bacteriana e provocam maiores danos ao paciente: Acinetobacter spp. e enterobactérias. Outro fator importante levantado pelo estudo é a necessidade de novas pesquisas dedicadas à compreensão do perfil epidemiológico da resistência bacteriana dentro dos hospitais de referência, no município de Porto Velho, “o que nós temos observado é que essas bactérias têm capacidade de encontrar novas formas de resistir a diferentes tratamentos com antibióticos, e podem transmitir material genético que permitem a outras bactérias se tornarem também resistentes aos principais antibióticos utilizados”, reforça a pesquisadora afirmando que fatores de resistência bacteriana estão diretamente ligados a questões precárias de saneamento básico, como é o caso de Porto Velho. Em estudo, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, o município aparece entre as dez piores cidades do país no Ranking de Saneamento. Acesse aqui o ranking.
Divulgação dos resultados preliminares
Ainda preliminares, os resultados da pesquisa intitulada Avaliação da resistência molecular aos antimicrobianos de bactérias patogênicas isoladas de amostras clínicas ambientais e de efluentes hospitalares na região de Porto Velho demonstram a necessidade de medidas que possam ser aplicadas tanto no tratamento de pacientes diagnosticados com infecções bacterianas, quanto nos procedimentos de rotina realizados dentro das unidades hospitalares, uma vez que “a falta de cuidado em relação a procedimentos básicos como lavar as mãos adequadamente, por parte de um profissional de saúde, pode influenciar a contaminação de outros pacientes de uma UTI, por exemplo” enfatiza.
Para a conscientização dos profissionais de saúde e mobilização das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), dos hospitais que colaboram com a pesquisa, estão sendo realizados encontros e apresentações dos resultados alcançados. A médica infectologista Andrea Barbieri, que também colabora com o estudo, afirma que a pesquisa é de extrema relevância para a saúde pública do Estado, “pois contribui para o levantamento epidemiológico da resistência bacteriana em unidades hospitalares da região, e poderá ajudar na consolidação de um Plano de Ação junto à Comissão Estadual de Controle de Infecção e à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau/RO) para o atendimento a esses casos”.
Original: https://agencia.fiocruz.br/estudo-avalia-resistencia-bacteriana-antibioticos-em-porto-velho