Pergunta : Pedro ( Universidade do Estado do Pará ) |
Drº Mário Novaes, muito obrigado pelas dicas e conselhos que o senhor dá nesse site são extremamente valiosos. Sou médico e acompanho esse site desde o meu primeiro semestre de faculdade. já li quase tudo aqui, porém tenho ainda muitas dúvidas sobre a especialidade patologia, digo da anatomia patológica (e não patologia clínica, medicina laboratorial e/ou medicina legal, como á foi abordado pelo site anos atrás). Gostaria de uma análise sua sobre as vantagens e desvantagens de seguir essa carreira (anatomia patológica) e quais as suas perspectivas de mercado. Muito obrigado por esse site!! Resposta : Muitos estudantes não tem noção do real campo de trabalho da anagomia patológica e o que realmente esses especialistas fazem no seu dia a dia, talvez por isso cada vez seja menor o número de estudantes que façam essa opção como especialidade. Consequentemente existe uma carência muito grande de bons profissionais nessa área ( o que representa boa oportunidade mercadológica ). O estudante de medicina recém-graduado que desejar fazer a especialidade deverá ingressar em um programa de Residência Médica (RM) em Patologia. Existem numerosas Residências em Patologia na maioria das escolas médicas do país, assim como em grandes complexos hospitalares. Os programas de Residência apresentam duração mínima de 3 anos, envolvendo obrigatoriamente treinamento em patologia cirúrgica, autópsia e citopatologia. Algumas Residências oferecem um ou dois anos complementares de treinamento, em geral dedicados à especialização em técnicas especiais ou em áreas específicas. Durante o primeiro ano de Residência Médica (R1), o residente deverá, segundo o preconizado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), perfazer 40%, 20% e 20% da carga horária anual mínima em patologia cirúrgica, autópsia e citopatologia, respectivamente. Estágios obrigatórios como técnicas histológicas, registro, informática e sessões anátomo-clínicas devem perfazer 15% da carga horária anual. No R2, o enfoque é na patologia cirúrgica (50%), sendo que a autopsia preenche 20% e citopatologia 15% da carga horária. Ainda no segundo ano, deverá o residente realizar estágio obrigatório em medicina legal (60 horas) entre outras atividades. No R3, o treinamento em especialidades perfaz 30% da carga horária, a patologia cirúrgica 25% e a realização de necropsias em patologia fetal deverá preencher 15% da carga horária anual. A citopatologia no R3 preenche outros 20% da carga horária. As atividades teóricas complementares da Residência devem perfazer 10% da carga horária total do programa, distribuídos ao longo dos 3 anos da RM. Ao final da Residência, o Residente deverá se sentir seguro para exercer a especialidade de modo independente e com competência, sendo capaz de resolver a maioria dos casos da rotina de um laboratório de Patologia. Ele deverá ter bem claro até onde vai sua capacidade de resolução diagnóstica e nos casos de dúvidas, não hesitar em consultar um outro patologista, principalmente pela grande responsabilidade por exemplo de dar um laudo de Cancer num paciente ou mesmo de dar um laudo de uma necrópsia num processo jurídico de homicídio. Após a Residência, é comum que o Residente faça o Exame de Título de Especialista que é oferecido pela Sociedade Brasileira de Patologia durante o início de cada ano (geralmente no mês de março). O Título de Especialista não é obrigatório ainda para o exercício da patologia, porém é um atestado da capacitação do profissional, representando ponto precioso no currículo profissional do especialista e defesa importante do profissional em casos de processos judiciais Além disso, o médico especialista nessa área, não tem quase nenhum relacionamento com pacientes, perdendo o encantamento da medicina de se relacionar com pessoas e tratá-las de alguma doença. Concluindo : Do ponto de vista mercado de trabalho, a anatomia patológica é uma boa opção como especialidade, exatamente pela grande importância da área de atuação como também pela carência de profissionais bons nesse mercado específico. Do ponto de vista dia a dia da especialidade, podemos dizer que é uma especialidade triste, que lida com causas tristes como diagnósticos de doenças malignas, necropsias …, além de permitir pouco relacionamento médico-paciente, uma das coisas “bacanas “e recompensatórias da Profissão Médica. Você precisa se imaginar nesse cotidiano e avaliar se vai se sentir confortável com esse dia a dia laboral. Sucesso Mário Novais |
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