Apesar de acompanharmos uma crescente tendência da medicina ao fortalecimento da preocupação com a saúde primária, em que o médico da família começa a recuperar um espaço que até pouco tempo atrás era ínfimo, a estrutura da saúde ainda tem forte relação com a forma centralizada institucional, com os hospitais. Dessa forma, há a necessidade incontestável de uma formação médica que privilegie, além de uma medicina técnica de qualidade, uma abordagem de temas relacionados à liderança e à gestão.
Há cerca de 200 anos, tendo em vista o mundo ocidental, os tratamentos médicos eram fornecidos, na maioria das vezes, por profissionais que levavam atendimento aos pacientes em seus próprios lares. No entanto, o século XX mudou a dinâmica populacional das cidades, trazendo abrupto crescimento da quantidade de pessoas vivendo nelas e seu adensamento. Da mesma maneira, os hospitais passaram a concentrar grande número de profissionais da saúde, progredindo na dificuldade de administrar e gerenciar esse contingente. Tudo isso fez com que se enxergasse a conveniência da criação de mecanismos para aumentar a eficiência e manter alto o padrão de satisfação no atendimento aos pacientes. Tornou-se pertinente, portanto, o incremento de questões de liderança e gestão na formação médica.
Essa pertinência se comprova quando um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União e publicado no Globo, mostra que o caos no SUS, única porta de entrada na saúde para grande parte dos brasileiros, aponta que muito da ineficiência da estrutura é proveniente do mal generalizado de gestão inepta. Da mesma maneira, o sistema privado de saúde também sofre dessa falha. A maior parte do turn-over dos hospitais, segundo o SaúdeBusiness, é causada por má gestão e líderes que não conseguem motivar as equipes.
Fica claro, dessa maneira, a importância da formação de lideranças na medicina para que haja eficiência e qualidade nos serviços prestados. Essa liderança, considerando a dinâmica atual de mercado, segundo o editor do SaúdeBusiness Osvaldo Rodrigues, leva em conta 5 características primordiais: respeito, participação, delegação de poder, envolvimento e trabalho em equipe.
Grandes transformações estão acontecendo na área da saúde com fusões, aquisições e joint venture, o que está mudando o mundo corporativo na medicina de forma veloz e multidisciplinar, envolvendo todas as áreas de formação da equipe de trabalho. Portanto, o líder não é mais aquele que tem o conhecimento, mas o que sabe compartilhar. Assim, “a saúde necessita formar líderes capazes de transformar as relações interpessoais e que tragam soluções ainda não experimentadas” para conseguir aperfeiçoar o atendimento nessa estrutura centralizada de funcionamento, atendendo (ou superando) as expectativas dos pacientes.
Referências:
https://saudebusiness.com/noticias/a-saude-precisa-de-lideranca/
https://oglobo.globo.com/opiniao/saude-publica-do-pais-sofre-de-ma-gestao-12010246
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2687916/