Insuficiência cardíaca é a incapacidade do coração em suprir as demandas metabólicas do organismo. Como mecanismo adaptativo, ocorre ativação dos sistemas simpático e renina-angiotensina-aldosterona que, dentre suas ações, está a hipertrofia ventricular (principal mecanismo compensatório), a retenção de volume e o estímulo simpático nos receptores beta-1 cardíacos (aumento da força de contração e da frequência cardíaca). Como parte inicial de nosso estudo, devemos saber reconhecer os diferentes tipos de insuficiência cardíaca, assim como seus critérios diagnósticos e suas classificações clínicas. Vamos lá!
Quanto ao lado… | |
Insuficiência Ventricular Esquerda (IVE) | · Grande maioria dos casos;
· Cursa com congestão pulmonar: dispneia aos esforços (sintoma inicial), ortopneia (dispneia ao decúbito, devido redistribuição da volemia), dispneia paroxística noturna, tosse seca, broncoespasmo (asma cardíaca), edema agudo de pulmão (extremo da congestão pulmonar); · Exemplos: IAM, HAS, miocardiopatia idiopática, doença valvar. |
Insuficiência Ventricular Direita (IVD) |
· Cursa com congestão sistêmica: turgência jugular patológica, hepatomegalia (geralmente dolorosa), ascite, edema de MMII, derrame pleural (sendo maior à direita), congestão da mucosa intestinal (saciedade precoce, dor abdominal, náuseas, diarreia); · Ambos cursam com síndrome de baixo débito (fadiga muscular, indisposição, mialgia, cansaço, lipotimia); · Exemplos: IVE (principal causa), cor pulmonale (DPOC, obesidade mórbida, pneumopatias, tromboembolismo pulmonar, HAP primária), infarto de VD, miocardiopatias. |
Quanto ao mecanismo… | |
Sistólica | · 50-60% dos casos; · Problema está na perda da capacidade contrátil (FE ≤ 50%); · Ocorre dilatação ventricular; · Ictus difuso e desviado para a esquerda (lateral à linha hemiclavicular) e para baixo (inferior ao 5⁰ EIE); · Presença de B3; · Causas: IAM, isquemia miocárdica, fase dilatada da cardiopatia hipertensiva, miocardiopatia dilatada idiopática, cardiomiopatia alcoólica, doença de Chagas. |
Diastólica |
· Existe restrição patológica ao enchimento diastólico; · Contração normal (com FE > 50%); · Na maioria das vezes existe hipertrofia concêntrica, com redução da cavidade; · Presença de B4 (devido ↓ complacência ventricular); · Causas: fase hipertrófica da cardiopatia hipertensiva (principal), fibrose isquêmica, cardiomiopatia hipertrófica, cardiomiopatias restritivas (sarcoidose, amiloidose, hemocromatose), envelhecimento. |
Quanto ao DC… | |
Baixo Débito | · Todas as cardiopatias intrínsecas. |
Alto Débito |
· Ocorre nas condições que exigem um maior trabalho cardíaco, seja pelo aumento da demanda (tireotoxicose, anemia grave) ou pelo desvio de sangue do leito arterial para o venoso (fístulas arteriovenosas, beribéri, sepse, cirrose); · Apesar do débito estar alto, encontra-se abaixo do desejado; |
Diagnóstico
– Critérios de Framingham: 2 maiores ou 1 maior + 2 menores.
Maiores |
· Edema agudo de pulmão; · Dispneia paroxística noturna; · Estertores pulmonares; · Turgência jugular patológica; · Refluxo hepatojugular; · PVC > 16 cmH2O; · Cardiomegalia no Rx (índice cardiotorácico > 50%); · B3; · Perda de peso > 4,5 kg em resposta ao tratamento. |
Menores |
· Edema maleolar bilateral; · Hepatomegalia; · Derrame pleural; · Dispneia aos esforços; · Tosse noturna; · Capacidade vital < 1/3 do previsto; · Taquicardia > 120 bpm. |
- Classificação
Classificação Funcional NYHA (sintomas) |
· Classe I: sem limitação às atividades cotidianas; · Classe II: sintomas durante atividades cotidianas (limitação leve); · Classe III: sintomas com qualquer atividade (limitação acentuada); · Classe IV: sintomas em repouso ou com mínimos esforços (incapacidade física). |
Classificação Evolutiva (história natural) |
· Estágio A: somente fatores de risco (HAS, doença coronariana, DM, etc); · Estágio B: doente, mas assintomático; · Estágio C: sintomáticos; · Estágio D: refratários (sintomáticos em repouso, apesar de medicação otimizada e que internam frequentemente). |