4 FATORES PREDISPONENTES E ASSOCIADOS
Infecções virais das vias aéreas superiores (IVAS)
Diversos trabalhos têm demonstrado que as IVAS (esfriado, gripe) levam ao comprometimento inflamatório dos seios paranasais. A RSA bacteriana ou purulenta desenvolve-se como complicação em 0,5% a 10% destas IVAS.
Rinite alérgica
Tabaco
Alterações estruturais
Anormalidades anatômicas do septo nasal (desvio septal) e/ou das estruturas do meato médio (concha média bolhosa, hipertrofia do processo uncinado e bolha etmoidal, concha média paradoxal e presença de célula de Haller) são referidos como podendo provocar estreitamentos nas vias de drenagem dos seios, constituindo fatores predisponentes na origem das RSs
Corpos estranhos
Barotrauma
Nos casos de barotrauma sinusal (avião, mergulho) há acúmulo de sangue nos seios, além do quadro inflamatório decorrente da lesão de mucosa. Estes fatores combinados podem levar a um quadro de RS bacteriana subseqüente.
5 DIAGNÓSTICO
5.1 SINAIS E SINTOMAS
A grande maioria dos casos de RS é viral. Em alguns casos pode haver superinfecção bacteriana e mais raramente a RS já se inicia como um quadro bacteriano. A suspeita de uma RS bacteriana após um quadro viral deve ser levantada se houver permanência dos sintomas após 10 dias, ou piora destes sintomas após cinco dias. Porém, não existe nenhum sintoma específico para o diagnóstico etiológico (viral x bacteriano) das RSs. Os mais freqüentemente observados são :
Obstrução nasal e congestão facial: Apesar de serem sintomas muito inespecíficos, eles estão presentes em grande parte dos pacientes com RSA, sejam virais ou bacterianas, além de poderem estar presentes também em quadros de crises alérgicas).
Rinorréia: A presença de secreção nasal, seja anterior ou posterior, é um sintoma muito sugestivo de RSA, apesar de muitas vezes o grau de congestão nasal ser elevado e o paciente apresentar dificuldade em eliminar estas secreções.
Na maioria dos casos, quando a secreção é aquosa ou mucóide, podemos supor que se trata de um quadro inicial viral ou alergia. À medida que a presença de bactérias vai aumentando, temos uma transformação da secreção em mucopurulenta, purulenta, e, finalmente, se houver algum grau de destruição da mucosa, a secreção pode apresentar sinais de sangramento. Entretanto, esta é a situação clássica, não podemos esquecer que podemos observar secreção purulenta também em infecções virais.
Dor ou pressão facial: A dor pode estar presente tanto nas RSs virais quanto bacterianas. Nos quadros virais ela tende a ser mais difusa, porém pode ser muito intensa. A dor causada por uma RS bacteriana é classicamente em peso, não-pulsátil e piora com a inclinação da cabeça para frente. Apesar de freqüente, não é específico para o diagnóstico.
Hiposmia ou anosmia: As alterações de olfato nas RSs bacterianas podem ocorrer por obstrução nasal, dificultando o acesso das partículas odoríferas à região olfatória ou à influência das secreções purulentas presentes na cavidade nasal (cacosmia). Além disso, tanto infecções virais como bacterianas podem causar lesões diretas no epitélio olfatório.
Outros: Outros sintomas que podem estar presentes nos quadros de RS bacteriana são: plenitude auricular, causada pela drenagem de secreções na região do óstio faríngeo da tuba auditiva. Tosse (seca ou produtiva) pelas secreções que drenam posteriormente pela rinofaringe. Irritação faríngea, laríngea e traqueal, causando dor de garganta e rouquidão, além de outros sintomas à distância, como aqueles de vias aéreas inferiores, febre, tontura e mal-estar, que vão depender da severidade da infecção e da predisposição de cada paciente.
Sinais
Os sinais mais sugestivos de RS bacteriana (Quadro 2) são:
À inspeção e palpação: Edema periorbitário, sem hiperemia ou sinais infecciosos, que neste caso levantariam suspeita de alguma complicação. Halitose, causada pela presença de secreções purulentas em fossas nasais e drenando pela rinofaringe. Dor à palpação facial correspondente à região dos seios (maxilar, frontal e etmoidal).
À rinoscopia anterior: Presença de edema e hiperemia de conchas nasais. Após vasoconstrição (não necessariamente) podemos observar a presença de secreção em regi
ão de meato médio ou nas fossas nasais, e a característica desta secreção pode sugerir uma possível etiologia (viral ou bacteriana). A drenagem de secreções também pode ser visualizada através da rinoscopia posterior.
À oroscopia: Drenagem posterior de secreção mucopurulenta é sugestiva de RS bacteriana. Hiperemia da parede posterior da orofaringe pode estar presente tanto nos quadros virais como bacterianos.
Apesar de sempre ser a avaliação inicial, devemos lembrar que mesmo em mãos experientes, a avaliação clínica tem sensibilidade e especificidade de 69% e 79%, respectivamente, o que muitas vezes pode tornar necessário o uso de outras ferramentas diagnósticas.
6. IMAGEM
6. 1 Raio X simples – É uma técnica cada vez menos valorizada pelos otorrinolaringologistas. Nos casos agudos, o RX simples é dispensável visto que a história clínica e o exame físico otorrinolaringológico são suficientes. Quando solicitado deve ser na posição ortostática. Nos casos recorrentes ou crônicos não avalia adequadamente o meato médio, o COM, o recesso frontal, o recesso esfenoetmoidal, assim como os 2/3 superiores da cavidade nasal.
Fonte: Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São Paulo , v. 74, n. 2, supl. 2008 .
Link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72992008000700002&script=sci_arttext
FABRÍCIO GAWRYSZEWSKI