A Anestesiologia é uma área de atuação da saúde em constante crescimento, e talvez seja uma das especialidades médicas mais ligadas à tecnologia. O Anestesiologista possui diversas funções, que envolvem tanto conhecimentos médicos, como anatomia, fisiologia e farmacologia, quanto técnicos, como equipamentos, procedimentos e materiais, por exemplo.
Entre suas funções, podemos citar algumas, como:
- Prover o estado anestésico antes de um procedimento
- Avaliar previamente o paciente
- Manter otimizada a fisiologia do paciente
- Minimizar o impacto da agressão cirúrgica
- Auxiliar no tratamento da dor pós-operatória
Com a quantidade de tarefas atribuídas ao profissional de anestesiologia, não é difícil perceber sua importância no pré e pós operatório, não é mesmo? Vamos entender melhor como essa especialização surgiu e como ela é vista hoje em dia.
O histórico da Anestesiologia
Durante séculos, procedimentos cirúrgicos foram feitos sem a intervenção de anestesia. Há relatos de amputações no Egito antigo, apenas com o uso de substâncias analgésicas ou entorpecentes, por exemplo. Tudo era feito de maneira rápida, já que sem anestesia sistemática, não havia como manter o paciente imóvel por muito tempo.
O índice de mortalidade por complicações pós operatórias era tão alto, que os cirurgiões não mexiam com as cavidades naturais do corpo, limitando-se a problemas externos. Os clínicos que se arriscavam a cuidar de patologias internas, eram chamados de internistas.
O registro da primeira cirurgia realizada com anestesia geral é de outubro de 1846. No caso, o médico cirurgião John Collins Warren, extraiu um tumor submandibular do paciente, que não deu sinais de sentir a mínima dor. O instrumento utilizado para o procedimento foi um globo de vidro com duas cânulas, que direcionava vapores de éter até a boca do paciente. Assim, o responsável pela criação, Morton, comprovou que era possível realizar qualquer procedimento cirúrgico sem dor, através da anestesia.
Atualmente, a Anestesiologia é reconhecida como especialidade médica, atribuída à Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), representando a segunda maior do mundo.
O especialista em Anestesiologia e sua rotina
Além de administrar o medicamento para diminuir ou retirar a dor do paciente, o anestesiologista também realiza o monitoramento em tempo integral. Como dito anteriormente, a anestesiologia é uma especialidade clínica, que aplica diversos conceitos e conhecimentos tanto de ciências básicas, quanto de conceitos práticos. Por isso, a afinidade com os procedimentos é essencial para o profissional que deseja se especializar nesta área.
Veja algumas características desejáveis para quem deseja se especializar em Anestesiologia:
- Raciocínio sobre algoritmos
- Resistência à fadiga
- Capacidade de decisão
- Liderança
- Calma
- Capacidade de transmitir segurança
- Empatia trabalhando em equipe
- Destreza manual
- Boa coordenação olho-mão
- Boa estruturação argumentativa para lidar com pacientes e familiares
É possível encontrar um Anestesiologista em praticamente qualquer ponto de um hospital. Do centro cirúrgico ao centro de endoscopia. Passando do pronto-socorro ao transporte de pacientes em estado grave. Em todas as áreas hospitalares o profissional em Anestesiologia é sempre muito solicitado.
Você pode encontrar o Anestesiologista:
- no centro cirúrgico
- no centro obstétrico
- no setor de endoscopia
- na hemodinâmica
- no pronto atendimento
- no setor de ecocardiografia transesofágica
- transportando pacientes críticos
- avaliando pacientes internados
- prescrevendo esquemas analgésicos em pacientes operados ou sob cuidados paliativos
- no setor de biópsias
A rotina de um Anestesiologista pode ser bem variada, dependendo da sua área de atuação. Ele pode, inclusive, estipular os dias de trabalho e as áreas em que deseja trabalhar. São levados em consideração alguns fatores, como o tipo de hospital e o regime do exercício, por exemplo.
Exemplo de rotina de um Anestesiologista…
Dois dias por semana, em grupo, prestando serviço em um hospital geral, um dia como funcionário de um hospital universitário, trabalhando como prospector de especialistas em formação. Em outro dia pode trabalhar como Anestesiologista de especialidade única em uma clínica de oftalmologia, fechando a semana como membro de um serviço multidisciplinar de assistência em terapia analgésica.
Após a Residência Médica em Anestesiologia, o profissional poderá escolher as áreas de atuação que mais se identifica, já que trata-se de uma área com bastante demanda.
O Mercado de trabalho e áreas de atuação
Segundo informações publicadas na Demografia Médica no Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconhece 23.021 títulos de Anestesiologia no país. Os dados são de 2018 e revelam ainda que há uma distribuição bastante irregular entre os estados brasileiros.
Após cumprir o programa de Residência Médica em Anestesiologia e/ou o curso de especialização na área, o Anestesiologista pode construir sua agenda semanal. Para ter mais conforto e tranquilidade nesse momento, é necessário receber boas recomendações para postos de trabalho.
Para isso, deve ter um bom desempenho e convivência durante todo o tempo de especialização. Geralmente, os responsáveis técnicos pelos centros de ensino acabam indicando os melhores residentes para os postos que desejam.
O ideal então é definir os locais onde quer trabalhar, o tempo, a pretensão salarial entre outros quesitos e trabalhar em função disso. A boa notícia é que há ainda uma certa carência de profissionais especializados em Anestesiologia no país, o que faz com que poucos locais sejam considerados travados ou lotados para recém-especializados.
O Salário do Anestesiologista
A remuneração de um anestesiologista é uma das mais confortáveis na área médica. Em média, entre R$ 7.000 e 14.000 dependendo da forma que escolhe trabalhar. Por exemplo, é possível optar por atuar de forma individualizada, sendo membro de equipe de cirurgiões, se submetendo à rotina de toda uma equipe da qual faz parte.
Também é possível atuar como não-assalariado ou autônomo, programando os próprios horários de acordo com a disponibilidade. Nesse caso, o profissional acaba abrindo mão de direitos como férias remuneradas, porém ganha mais autonomia.
Outra forma de seguir é obedecendo uma ordem hierárquica em um grupo de profissionais. Dessa forma, o salário tende aumentar conforme o passar dos anos. De qualquer maneira, a rotina estabelecida no início da carreira do anestesiologista acaba sendo seguida por toda a vida, já que é muito difícil promover mudanças significativas, sem perder qualidade de vida e dinheiro ao longo dos anos.
A Residência Médica em Anestesiologia
A Residência em Anestesiologia é de acesso direto, sem necessidade de concluir uma outra residência prévia, como Clínica Médica, por exemplo. Ao todo são três anos de treinamento em serviço, tendo o primeiro ano voltado para formação de conhecimento nas ciências básicas.
Os programas de Residência podem variar de acordo com a instituição de ensino. A SBA credencia anualmente 98 centros de ensino e cerca de 130 são credenciadas pelo MEC. Há ainda cursos credenciados pelas duas instituições.
O sistema de avaliação é diferente, sendo a SBA com aplicação de uma prova anual ao longo do processo de formação, compondo um ranking de desempenho, por exemplo. Isso acaba definindo os melhores CETs, o que pode gerar maior ou menor concorrência em alguns centros de educação. No edital de 2019, a concorrência de Anestesiologia da FMUSP-SP foi de 11,3 candidato por vaga.
Texto na íntegra:
https://www.sanarmed.com/anestesiologia-melhores-residencias-duracao-concorrencia-salario-e-mais