Estenose Aórtica
Condição em que, pela restrição à abertura dos folhetos valvares, há uma redução da área valvar aórtica (normal entre 2,5 e 3,5 cm2), levando à formação de um gradiente de pressão sistólico entre o VE e a aorta.
As principais causas são: valva bicúspide congênita (causa mais comum em crianças e adultos < 65 anos), degeneração calcifica (causa mais comum de EA / hipercolesterolemia e DM são fatores de risco), cardiopatia reumática.
É um processo crônico, permitindo mecanismos compensatórios (principal é a hipertrofia ventricular concêntrica). Na fase descompensada da doença ocorrem: isquemia miocárdica (redução da reserva coronariana e aumento da demanda metabólica do miocárdio), débito cardíaco fixo (DC não aumenta durante o esforço físico, acarretando em baixa perfusão cerebral) e Insuficiência cardíaca congestiva. De modo que podemos deduzir facilmente a tríade sintomática clássica: angina + síncope + dispneia.
O prognóstico da EA leve é bom, sendo a progressão da doença mais comum na criança (devem ser operadas mais precocemente).
Ao exame físico, o pulso carotídeo com ascensão lenta e sustentada (pulsus tardus) e amplitude fraca (pulsus parvus); também se apresenta anacrótico (ascensão irregular) e com sobressaltos (carotid shudder). À ausculta, revela comumente B4 (devido HVE concêntrica), ruído de ejeção e um sopro mesossitólico em diamante (mais intenso no meio da sístole), de maior intensidade no foco aórtico (BED alta) e irradiação característica para as carótidas, fúrcula esternal e foco mitral.
AIntensidade do sopro aumenta com manobras que aumentam o retorno venoso e/ou a contratilidade do VE (posição de cócoras, exercício físico, batimento pós-extrassistólico) e diminui com manobras que reduzem o retorno venoso (Valsalva, posição ortostática) ou que aumentam a resistência vascular periférica (handgrip). Denominamos fenômeno de Gallavardin quando o sopro da estenose aórtica se irradia para o foco mitral (continuidade anatômica entre os anéis aórtico e mitral), podendo parecer que existem 2 sopros diferentes (diferenciar da insuficiência mitral com as manobras descritas acima).
Ao ECG, encontraremos sinais de HVE. À radiografia de tórax, a calcificação da valva aórtica é o achado mais comum (sua presença não significa necessariamente que há EA). Comumente, a silhueta e o tamanho cardíaco não se alteram, a não ser na fase descompensada (cardiopatia dilatada). O ecocardiograma é capaz de avaliar o aspecto da valva, além de determinar a área valvar (estenose grave quando área valvar < 1 cm2).
Não existe tratamento medicamentoso para a EA sintomática, sendo os betabloqueadores contraindicados (reduzem a contratilidade, principal fator compensatório). O tratamento intervencionista (indicação classe I: pacientes com EA grave + sintomas ou FE < 50%) de escolha é a troca valvar.
Igor Torturella