ATENÇÃO, desfibrilar é um ponto muito importante da ressuscitação, mas nem sempre devemos realizá-lo. Então, QUANDO o faremos?
Retornamos hoje com mais 2 tópicos da RCP: a ventilação e a desfibrilação, em que detalharemos, já no próximo artigo, um pouco mais este último.
A VENTILAÇÃO
Como já conversamos anteriormente, o foco principal são as compressões. Sendo assim, deve-se voltar a atenção para as vias aéreas somente depois de se realizar as 30 compressões. Deve-se obedecer a ordem de 2 ventilações (que devem durar apenas 1 segundo cada) para 30 compressões.
A diretriz enfatiza que há prioridade no uso de um dispositivo de barreira durante o processo, seja lenço facial com válvula antirrefluxo, máscara de bolso ou bolsa-válvula-máscara.
Há duas maneiras de se abrir as vias aéreas:
1) Elevação da mandíbula e hiperextensão da coluna cervical ou
2) Pela tração da mandíbula.
OBS: elevação da mandíbula e hiperextensão da coluna cervical: deve-se dar preferência a esta manobra, exceto haja suspeita de lesão cervical.
E o “VER, OUVIR, SENTIR”?
Essa técnica NÃO está mais indicada, pois atrasa o início das compressões, podendo trazer prejuízo à RCP.
E o que se deve fazer após mantermos a via aérea pérvia?
Observa-se, então, se há respiração espontânea do socorrido. Se essa for notada, checa-se a cada 2 minutos o pulso (não deve durar mais que 10 segundos) e, até que o atendimento de emergência chegue, mantem-se a vítima em decúbito lateral, com a via aérea ainda aberta.
MUITO IMPORTANTE: segundo as novas recomendações, a checagem de pulso deve ser feita apenas por profissionais, sendo obrigatória a checagem do pulso carotídeo pelo socorrista. Dessa forma, a falta de pulso e a apneia tem o mesmo valor diagnostico para o leigo: uma PCR.
A DESFIBRILAÇÃO
O prognóstico do paciente é tanto melhor quanto antes ocorre a desfibrilação. Como já citamos anteriormente, nem todos os ritmos cardíacos são susceptíveis a esse processo. A Fibrilação Ventricular (FV) e a Taquicardia Ventricular sem Pulso (TV sem pulso) são os ritmos mais observados nos primeiros minutos de uma PCR extra – hospitalar. Contudo, a efetividade da desfibrilação torna-se menor com o decorrer do tempo, pois esses ritmos respondem cada vez menos ao choque (tornam-se refratários) ou evoluem para uma assistolia. Reforçamos aqui que não se aplica a desfibrilação em assistolia e em AESP.
IMPORTANTE: caso o paciente já seja atendido pelo sistema de emergência e, até o 4º/5º minuto, ainda não tenha recebido o suporte básico de vida, pode-se proceder de duas maneiras:
- Iniciar, imediatamente, o choque ou
- Realizar 5 ciclos de compressão + ventilação seguida de desfibrilação (2 minutos de PCR + desfibrilação).
E qual a quantidade de energia que deve ser utilizada?
Há dois tipos de desfibrilador: monofásico e bifásico. O primeiro trabalha com uma energia de 360J, enquanto o último trabalha com uma energia que é equivalente, de 150 a 200J. Não se recomenda realizar choques sucessivos e com energias cada vez maiores.
O choque foi aplicado e agora?
Posteriormente, realiza-se 2 minutos de RCP, avaliando-se em seguida o ritmo. Caso necessário, aplica-se novamente o choque, repetindo o processo.
Mas o ritmo ainda continua em FV/TV sem pulso após o primeiro choque. O que fazer?
No próximo artigo continuaremos batendo um papo a respeito da desfibrilação, ilustraremos os ritmos já comentados e discorreremos de maneira breve sobre o que fazer no Suporte Avançado de Vida na persistência de FV/TV sem pulso pós-primeira desfibrilação.
Até a próxima e continue conosco!
Celso Neto
Bibliografia
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4. MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clínicas: abordagem prática. 9. ed. São Paulo: Manole, 2014.