Um estudo publicado em Janeiro de 2020 na Diabetes Care buscou caracterizar fatores de risco cardiometabólico após recidiva tardia do diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Além disso, o estudo tentou identificar fatores que predizem recidiva após remissão inicial do diabetes após cirurgia bariátrica, a fim de construir modelos de previsão para a prática clínica.
Na pesquisa foram avaliados os resultados de 736 pacientes com DM2 submetidos a bypass gástrico em Y de Roux (RYGB) ou gastrectomia vertical (SG) em um centro acadêmico (2004–2012) e com acompanhamento glicêmico de ≥5 anos. Do total de pacientes, 58% apresentaram remissão do diabetes no 1º ano após a cirurgia. Esses 48% de pacientes foram acompanhados por cerca de 8 anos para identificar possíveis recidivas tardia do diabetes.
Os resultados obtidos mostraram que mesmo os pacientes que apresentaram recaída tardia, em cerca de um terço deles ainda foi observada uma melhora estatisticamente significativa no controle glicêmico, número de medicamentos para diabetes, incluindo uso de insulina, pressão arterial e perfil lipídico a longo prazo. Além disso, os pacientes que recidivaram perderam menos peso durante o 1º ano após a cirurgia e recuperaram mais peso posteriormente. Modelos de previsão foram construídos e validados externamente.
O artigo concluiu que embora a recidiva tardia do DM2 seja um fenômeno real (um terço da coorte), ela não deve ser considerada um fracasso, pois a trajetória da doença e seus fatores de risco cardiometabólico relacionados mudam favoravelmente após a cirurgia bariátrica. Uma intervenção cirúrgica anterior, RYGB (em comparação com SG) e maior perda de peso (menor recuperação tardia do peso) são fatores associados a menos recaídas de diabetes a longo prazo, ou seja, são preditores de sucesso da cirurgia.
Fonte: https://care.diabetesjournals.org/content/early/2020/01/22/dc19-1057