O Fenômeno de Raynaud se define por alterações na coloração cutânea das zonas distais (dedos das mãos), geralmente desencadeado pelo frio ou estresse. As crises caracteristicamente apresentam 3 fases: palidez (por vasoespasmo), cianose (acúmulo de sangue desoxigenado) e rubor (vasodilatação reativa).
Falamos em “doença de Raynaud” quando não se associa a nenhuma outra enfermidade, sendo a principal causa do fenômeno de Raynaud. Aparece de forma idiopática e isolada, e o prognóstico é excelente. Quando é secundário, usamos a denominação “síndrome de Raynaud”. A esclerodermia é a doença que mais se associa ao fenômeno, sendo uma manifestação muito frequente (> 90%), podendo preceder as alterações cutâneas por meses ou anos. A capilaroscopia contribui na diferenciação, uma vez que encontra-se normal na doença de Raynaud e alterada na síndrome de Raynaud.
Para o tratamento, na maioria dos casos é suficiente evitar a exposição ao frio e outros fatores estressantes. Outras medidas não farmacológicas incluem: interrupção do tabagismo, aquecimento das extremidades e estabilização da temperatura ambiente. E atenção: os betabloqueadores estão contraindicados, pois podem exacerbar a clínica.
Em casos severos, a medicação de eleição são os antagonistas de cálcio (nifedipina, diltiazem). Também podem-se usar outros vasodilatadores (nitroglicerina tópica, hidralazina ou antagonistas da angiotensina II). Nos casos refratários, pode-se recorrer à simpatectomia cirúrgica.
Um importante diagnóstico diferencial que devemos ter em mente é a acrocianose, caracterizada cianose e pele fria de maneira simétrica e persistente, em mãos e pés, com ausência de palidez ou sinais de isquemia. É uma condição benigna que não precisa de tratamento.