Em 1904 a cidade do Rio de Janeiro sofria com sérios problemas de saúde pública. O então presidente Rodrigues Alves nomeou Diretor Geral de Saúde Pública Oswaldo Cruz, que ficou responsável por promover um saneamento na cidade, em que a principal iniciativa foi tornar compulsória a administração de vacinas especificas. Estava implantado o estopim para a Revolta da Vacina, movimento que ficou conhecido pela grande resistência da população em aderir ao plano de imunização devido, principalmente, à falta de informação. Atualmente, temos, ao redor do mundo, uma nova tendência antivacinista que tem preocupado os imunologistas. Cabe aos profissionais da saúde discutir e esclarecer os motivos que levam os pais a não vacinarem as crianças, refletirem sobre os efeitos das imunizações e a importância de mantê-las em dia.
Segundo Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia, um dos motivos que explicam o menor índice em 16 anos de cobertura de vacinação em crianças menores de um ano é o fato de que as vacinas estão culturalmente vinculadas à percepção do risco da doença. Quando se trata de doenças erradicadas, a população tem mais dificuldade de enxergar seus perigos. Além disso, alguns grupos antivacinistas acusam órgãos mundiais de introduzir no corpo toxinas capazes de provocar doenças autoimunes e danos cerebrais, sendo o medo de eventos adversos o principal embasamento para o surgimento desses movimentos.
No entanto, segundo Guido Levi, também da Sociedade Brasileira de Infectologia, em entrevista para a revista Galileu, a maioria desses temores são absolutamente infundados cientificamente. Para ele, os efeitos da imunização consistem não apenas na proteção individual, mas é um dever social. “Se toda a população estiver vacinada, a doença pode ser extinta. Agora, se tiver 5% da população sem a vacina, a quantidade de pessoas infectadas vai crescendo, afetando gente que nunca recusou a vacina, mas acaba infectada por ainda não ter se vacinado”.
Dessa forma, entramos no âmbito da importância de manter a vacinação em dia. Quando temos uma população imunizada, há redução nos números de doenças infecciosas em toda a comunidade, uma vez que a transmissão é diminuída. Os impactos disso podem ser sentidos na diminuição do número de hospitalizações, redução de gastos com medicamentos, redução da mortandade e erradicação de doenças.
Fica claro, assim, que os programas de imunização são positivos e devem ser mantidos e incentivados. O que se faz necessário de forma imediata é tornar acessível à população a informação sobre a importância de se submeter à vacinação. Por falta dela, estamos na iminência do ressurgimento de doenças quase erradicadas, além da possibilidade de uma Revolta da Vacina contemporânea em escala global em forma de resistência às imunizações, o que carregará os impactos contrários ao ato de manter a imunização em dia.
Referências:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/05/como-recusa-em-vacinar-os-filhos-pode-afetar-toda-sociedade.html
https://g1.globo.com/bemestar/noticia/imunizacao-de-criancas-em-queda-por-que-os-pais-deixam-de-vacinar-os-filhos-veja-perguntas-e-respostas.ghtml
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