Pergunta : Gabriel ( Universidade Católica de Brasília )
Boa tarde!
Levando em consideração a proliferação de escolas médicas, podemos considerar que há uma importante tendência à abertura de novos hospitais em cidades de médio-porte, certo? Dessa forma, seria interessante investir na formação em cardiologia ou nefrologia para tentar essa nova parcela de mercado com serviços de hemodinâmica ou diálise?
Além disso, teria uma noção do investimento necessário para montar essas estruturas “do zero”?
Agradeço pela atenção, e pelo trabalho excepcional que faz neste site!
Resposta :
Sem dúvida a proliferação de escolas médicas deve favorecer o surgimento de novos hospitais, porém é coisa relativamente demorada já que esses novos empreendedores de escolas de Medicina, normalmente procuram fazer convênios com hospitais já existentes, além do que a construção de novos hospitais é demorada e custosa.
Na hemodinâmica a maior parte dos custos é proveniente de custos fixos. Isso ocorre devido o alto custo de aquisição e de manutenção dos equipamentos. Montagem de um serviço de hemodinâmica não fica por menos do que 1 milhão de reais.
Assim, mesmo sem ser utilizado, este equipamento gera altos custos, visto que sofre com a obsolescência que reduz sua vida útil independentemente do volume de uso. A presença da obsolescência decorre da alta tecnologia.
Para um hospital atingir bom nível de excelência necessita realizar investimentos constantes em instalações físicas, na aquisição de materiais e de equipamentos cada vez melhores tecnologicamente, e, em treinamento e qualificação dos profissionais. Porém, as fontes de obtenção de receitas necessárias para o financiamento destes gastos estão, normalmente, atreladas às tabelas de procedimentos médicos, tanto do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto de empresas operadoras de planos de saúde. No caso de hospitais públicos, tem-se ainda o entrave político burocrático para a liberação de verbas para investimento.
A instalação de um serviço de hemodinâmica é complexa. Veja um exemplo abaixo:
UNIDADE HEMODINÂMICA: PROPOSTA ARQUITETÔNICA
Luiz Claudio Rezende Cunha
Engenheiro civil – Especialização em
Arquitetura em Sistemas de Saúde.
RESUMO
Este estudo enfoca a complexidade do espaço físico para uma unidade de Hemodinâmica interligada a um hospital. Neste setor o controle de tempo e a realidade do cumprimento
das atividades de trabalho pelo staff do setor é fundamental para a vida do paciente. O trabalho aborda a análise de fluxo de forma a facilitar a circulação do usuário como
também da equipe de trabalho eficiente e controlado de forma a permitir facilidades na resolução de problemas, com isto apresentando uma melhor avaliação do espaço físico para os serviços de hemodinâmica.
- INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo principal a descrição, análise e proposição do
espaço físico adequado a uma Unidade de Hemodinâmica, identificando seus equipamentos e instalações específicas.
- METODOLOGIA
- Observação, reprodução fotográfica e entrevistas com profissionais especializados obtidas durante as visitas técnicas realizadas em estabelecimentos existentes;
3- GENERALIDADES
3.1- O que é Hemodinâmica
A hemodinâmica se propõe realizar exames diagnósticos e intervenções terapêuticas por meio de radiologia cardiovascular, usualmente recorrendo a catéteres e injeções de contraste. Executam-se também procedimentos terapêuticos como angioplastia, drenagens e embolizações terapêuticas.
3.1.1- Procedimentos mais adotados
3.1.1.1- Cateterismo
Procedimento invasivo que auxilia na obtenção de dados adicionais contribuindo para um
diagnóstico exato e indicação do tratamento mais adequado.
Trata-se de um método em que se punciona ou disseca uma veia ou artéria periférica e se introduz um tubo fino eflexível chamado cateter, até aos grandes vasos e o coração, cujo fim é analisar dadosfisiológicos, funcionais e anatômico\s.
3.1.1.2- Angioplastia
Procedimento invasivo, não cirúrgico, para tratamento de doenças arteriais.
Trata-se de um insuflamento temporário com um catéter-balão no interior do vaso para corrigir um estreitamento.
- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Aatribuição da unidade autônoma da Hemodinâmica é a prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia, cujas atividades a serem desenvolvidas são as seguintes:!
Proceder a exame e consulta de pacientes;!
Preparar o paciente;!
Assegurar a execução de procedimentos pré-anestésicos e realizar procedimentos anestésicos;!
Realizar exames e intervenções por meio da radiologia;!
Proporcionar cuidados pós-anestésicos;!
Assegurar atendimento de urgência;
Realizar o procedimento da imagem;!
Interpretar as imagens e emitir laudo dos exames realizados;!
Guardar e preparar chapas, filmes, e contrastes e!
Zelar pela proteção e segurança de pacientes e operadores.
- PRÉ-DIMENSIONAMENTOS
O critério de dimensionamento baseou-se nas áreas mínimas preconizadas pela RDC-50 devidamente reavaliadas e adaptadas ao layout proposto de forma a melhor atender aos fluxos de trabalho.
Foi adotado o dimensionamento de uma Unidade mínima, a partir de 02 salas de Exames, devido à necessidade de manutenção dos equipamentos e de situações de realização de exames de emergência.
Foram estimados de 10 a 12 procedimentos / dia / sala de exame (a depender do tipo de exame a ser realizado), sendo previstos aproximadamente 21 lugares na sala de espera para
os acompanhantes dos pacientes, considerando-se que sempre há acompanhantes devido ao risco de vida que os pacientes ficam
expostos ao serem submetidos aos exames.
5.1 INFORMAÇÕES GERAIS
A -PROTEÇÃO RADIOLÓGICA:
Na sala de exames, todas as paredes, portas, visores devem ser equipados com proteção radiológica, de acordo com as normas (em geral, 150 mm de chumbo ou equivalente em BaSO4, serão suficientes.
B -ILUMINAÇÃO:
O nível de iluminação em áreas com monitores deverá ser reduzido através de um sistema
de lâmpadas incandescentes e dimmer, para uma perfeita visualização das telas de vídeo.
C – ATERRAMENTO:
Deverá seguir as normas da Comissão Internacional de Eletrotécnica para tomadas emgeral.
Piso condutivo para salas de exames.
D -AR CONDICIONADO
Temperatura: 18 a 240C
Umidade: 40% – 50% sem condensação
Troca de Calor: 50 /hora
Sistemas de ar condicionado com centrais e retornos independentes para salas de exames e sala técnica.
E – RECOMENDAÇÕES GERAIS
Pr=ever tomadas de parede (110/220-10A) nas áreas do equipamento.
As canaletas para os cabos devem ser equipadas com tampas removíveis para efeito de manutenção e limpeza.
A resistência do concreto para a base do equipamento deverá ser maior do que 180 Kg/cm2.
Salas de exames, comando e recuperação tem que ter elétrica de emergência e elétrica diferenciada.
F – SINALIZAÇÃO
Sinalização indicando equipamento em funcionamento na entrada da sala de exames.
Sonorizador para enfermagem.
G – GASES
sala de preparo de materiais: ar comprimido.
Sala de R=ecuperação: oxigênio, ar comprimido, vácuo e óxido nitroso.
S=ala de Exames: oxigênio, ar comprimido, vácuo e óxido nitroso.
H – ACABAMENT]OS
Todas as paredes e tetos com pintura acrílica e pisos com paviflex
Para as áreas molhadas, paredes (todo o pé direito) e pisos em cerâmica.
- PROPOSTA DE SOLUÇÃO ARQUITETÔNICA AGENCIADA
A proposta apresenta um exemplo de Unidade de Hemodinâmica pertencente ao serviço de Imaginologia de um edifício hospitalar do tipo geral, com Setor de Emergência de Alta Complexidade, UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e Centro Cirúrgico para atender os casos de emergência, porém em bloco isolado e autônomo, com acesso independente para atender os casos eletivos.
6.1 LAYOUT
A proposta de área física com mobiliário e equipamentos está mostrada nas pranchas 1 e 2.
6.2 RECURSOS HUMANOS
Consideramos uma equipe técnica mínima, com os seguintes profissionais:
02 médicos cardiologistas hemodinamicistas (Exames)
02 enfermeiros especializados (Exames)
01 enfermeiro (Posto de Enfermagem)
02 técnicos em enfermagem (01 para Recepção e outro para Posto de Enfermagem)
02 auxiliares administrativos (Recepção)
ANÁLISE DE FLUXOGRAMA
Os fluxos de trabalho podem ocorrer de 02 formas:
1.Paciente Externo/Exame Eletivo
Neste caso a porta de entrada é a Sala de espera da Unidade autônoma, cujo exame foi
previamente agendado. O fluxo é o seguinte:
Paciente:
RECEPÇÃO CONSULTÓRIO (quando necessário) – PREPARO –
VESTIÁRIO
PACIENTE – SALA DE EXAMES – RECUPERAÇÃO – RECEPÇÃO – SAÍDA
Médico:
CONSULTÓRIO (ou hospital) –
VESTIÁRIO FUNCIONÁRIO – ESCOVAÇÃO – SALA
DE EXAME – COMANDO – LAUDOS – ESTAR –
VESTIÁRIO – CONSULTÓRIO (ou SAÍDA)
Auxiliares:
Tipo 01:
VESTIÁRIO FUNCIONÁRIO – POSTO ENFERMAGEM – PREPARO EQUIPAMENTOS – SALADE EXAMES – RECUPERAÇÃO – EXPURGO – DML-POSTO ENFERMAGEM –
VESTIÁRIO FUNC. – SAÍDA
Tipo 02:
ADMINISTRAÇÃO – CONSULTÓRIO – PREPARO PACIENTE –
ADM. – SAÍDA
2.
Paciente Interno/Exame de Emergência
Neste caso a porta de entrada é pelo hospital, de paciente já internado ou de paciente proveniente direto do Setor de Emergência, de Alta Complexidade, em geral exames realizados em caráter de urgência.
O fluxo é o seguinte:
Os recursos humanos fazem o mesmo fluxo, sendo diferente somente o do paciente:
HOSPITAL- PREPARO (ou não) – SALA
DE EXAMES – RECUPERAÇÃO –
HOSPITAL
- CONCLUSÃO
Após os estudos realizados, concluímos que os serviços de Hemodinâmica, por tratarem de procedimentos invasivos e com potencial de tratamento de situações de risco, requerem exímia especialidade profissional de seus recursos humanos e espaço físico dotado de equipamentos e instalações de alta complexidade e tecnologia avançada, não devendo ser
uma unidade isolada, apesar de autônoma, mas vinculada a um hospital com um bom suporte de UTI, Emergência e Centro Cirúrgico para subsidiarem as complicações que
vierem a surgir durante a realização dos procedimentos.
Concluindo : se o hospital se propuser a preparar as instalações e vc conseguir financiamento para aquisição dos equipamentos de hemodinâmica, pode até ser um bom negocio.
O custo para montagem de serviço de dialise é bem mais barato, mas os custos de funcionamento e de insumos também é alto.
Sugiro que você visite alguns desses serviços antes de se definir por essas especialidades.
Sucesso
Mário Novais