O grupo das doenças inflamatórias intestinas (DII) compreende a retrocolite ulcerativa e a Doença de Crohn. Já é sabido que a proliferação celular constante nestas condições, causada pela inflamação crônica, pode aumentar o risco de desenvolver diversos cânceres do trato gastrointestinal. Obviamente que isto depende da intensidade e extensão da inflamação e se ela é controlada adequadamente pelo tratamento. Apresentamos aqui um estudo dinamarquês que investigou a associação entre DII e câncer segundo fenótipo e tratamento da doença.
Eles selecionaram 1.515 pacientes com retrocolite ulcerativa (RU) e 810 com Doença de Crohn (DC). Eles avaliaram a incidência de câncer intestinal nos dois grupos e comparam com as estatísticas equivalentes para população saudável.
O risco de câncer em geral não foi maior que o normal no grupo portador de RU, embora a incidência de câncer de próstata tenha sido maior que o normal. Os pacientes com DC tiveram 55% a mais de chance de desenvolverem qualquer tipo de câncer. Este incremento foi associado a idade jovem, doença localizada no cólon, tabagismo e tratamento com tiopurina. Mais precisamente, o risco aumentado foi para os seguintes cânceres: de intestino delgado, de pulmão, colorretal, displasia cervical e linfoma não-Hodgkin.
Embora estes resultados tenham sido esperados, é interessante procurar estudos semelhantes em outras populações para entender melhor o quanto estas doenças contribuem de forma isolada para o câncer. Além disso, poderíamos ainda nos perguntar qual seria a explicação fisiopatológica para o maior risco de câncer de pulmão, já que a princípio as duas são doenças de localizações anatômicas diferentes. Já a tiopurina, seria ela por si própria uma substância carcinogênica direta ou uma droga incapaz de conter de forma adequada a inflamação crônica? Quem tiver estudos parecidos está convidado a compartilhar!
Yan