Há um grande alarde sobre o potencial da nanotecnologia em diversas áreas. A perspectiva de projetar estruturas em uma escala molecular sem dúvida abre o escopo de possibilidades para o futuro.
Um nanômetro equivale a um milionésimo de milímetro. Sendo assim, os nanomateriais tem dimensões equivalentes às das moléculas orgânicas que constituem os organismos vivos. Projetar compostos nessa escala é algo sem precedentes e pode de fato mudar a forma como a indústria farmacêutica produz novas substâncias.
Como a nanotecnologia inova a medicina
Fabricar compostos nessa escala abre um novo roll de possibilidades na farmacologia. O motivo disso é simples. Sabe-se que muitos dos fármacos utilizados ainda hoje são substâncias pré-existentes na natureza cujo efeito terapêutico foi descoberto por acaso (como a penicilina por exemplo). Ou seja, com base em uma descoberta incidental traça-se um ponto de partida para a pesquisa e produção de novas substâncias que incorporam semelhanças ou diferenças em sua estrutura química para se adequarem ao efeito terapêutico descoberto. Essa abordagem, todavia nunca pode se extender para muito além do efeito terapêutico inicialmente descrito. Este efeito terapêutico é tanto o ponto de partida quanto a finalidade das pesquisas que produzem os novos fármacos.
Já a Nanofarmacologia, se propõe a produzir novos fármacos de um ponto de partida diferente. Partindo do conhecimento a respeito de como funcionam nossas células a nível molecular, a pesquisa de produção de novos fármacos não precisa aguardar um descoberta incidental para obter um ponto de partida mas já se dirije aos mecanismos fisiopatológicos das doenças desde o princípio ao mesmo tempo que tira proveito das funções naturais do nosso organismo. Essa aproximação por natureza se dirige mais às causas das doenças do que ao tratamento paliativo dos sintomas e também atua em maior harmonia com a fisiologia do nosso organismo que é levada em consideração no desenho dos nanomateriais. A grande inovação da nanotecnologia está justamente na liberdade que a engenharia de moléculas proporciona abrindo a possibilidade de que projetos de moléculas elaborados pela pesquisa no campo da bioquímica se tornem realidade. As moléculas nanoproduzidas podem, desde o projeto, estar dirigidas a uma atividade terapêutica totalmente nova, prescindindo de uma outra já existente.
Essencialmente o que ocorre é que, na situação atual da pesquisa médica já existe muito conhecimento sobre o funcionamento das doenças. Porém a nanotecnologia possibilita que novos fármacos sejam produzidos “do zero”, em uma escala nanométrica, para justamente explorar as muitas possibilidades já propostas para atacar as doenças, tirando proveito do conhecimento já existente sobre elas que, há anos, aguarda a tecnologia para produzir novas alternativas terapêuticas.