Qual é a orientação atualizada do Ministério da Saúde para rastreamento e prevenção do câncer da próstata?
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) não recomenda o rastreamento do câncer de próstata, pois não há evidência científica que isto traga mais benefícios do que riscos.
”Em consonância com as evidências científicas disponíveis e as recomendações da OMS, a organização de ações de rastreamento para o câncer da próstata não é recomendada. Homens que demandem espontaneamente a realização do exame de rastreamento devem ser informados por seus médicos sobre os riscos e benefícios associados a essa prática e posteriormente definirem em conjunto com a equipe de saúde pela realização ou não do rastreamento.”
Em relação a homens com idade superior a 75 anos e assintomáticos a recomendação é da não adoção do rastreamento de câncer da próstata, pois existe nível adequado de evidência mostrando que essa estratégia não é eficaz e que os danos podem superar os benefícios. Durante as consultas, os homens que não desejam realizar o rastreamento não devem ser induzidos a fazer. Caso os homens busquem atendimento para realizar os exames de rastreamento é muito importante que eles sejam esclarecidos sobre os riscos envolvidos nessa prática. A decisão de realizar ou não deve ser sempre compartilhada entre paciente e médico. Além disso, é essencial abordar nas consultas outros temas variados relacionados a saúde do homem. Não deixe de abordar temas como mudança de estilo de vida, cessação de tabagismo, redução do consumo de açúcar e alimentos industrializados, estímulo a perda de peso no combate a obesidade/sobrepeso, prática de exercícios físicos.
Os primeiros resultados de um grande estudo realizado nos Estados Unidos mostraram que o rastreamento anual com PSA e toque retal detectaram mais cânceres de próstata do que em homens que não fizeram o rastreamento, mas esse rastreamento, não diminuiu a taxa de mortalidade por câncer de próstata. No entanto, foram levantadas questões sobre esse estudo, porque alguns homens do grupo que não faziam rastreamento na verdade realizaram o mesmo durante o estudo, o que pode ter afetado os resultados.
Um estudo europeu mostrou um menor risco de morte por câncer de próstata com o rastreamento de PSA (realizada cerca de uma vez a cada 4 anos), mas os pesquisadores estimaram que 781 homens precisariam ser rastreados (e 27 cânceres diagnosticados) para evitar uma morte por câncer de próstata.
Nenhum desses estudos mostrou que o rastreamento com PSA ajuda os homens de forma geral a viver mais tempo (ou seja, diminui a taxa de mortalidade geral).
O câncer de próstata geralmente cresce lentamente, portanto os efeitos do rastreamento nesses estudos podem se tornar mais claros nos próximos anos. Ambos os estudos estão sendo continuados para ver se um acompanhamento mais longo dará resultados mais claros.
Portanto, fica a critério do indivíduo decidir sobre fazer (ou não) o rastreamento para o câncer de próstata após discutirem com seu médico os riscos e benefícios potenciais do mesmo. Mesmo após a tomada de decisão sobre o rastreamento, a discussão sobre os prós e contras do rastreamento deve ser repetida conforme novas informações sobre os benefícios e riscos do mesmo se tornem disponíveis.
Fontes:
https://aps.bvs.br/aps/qual-e-a-orientacao-atualizada-do-ministerio-da-saude-para-rastreamento-e-prevencao-do-cancer-da-prostata/
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/recomendacoes-para-a-deteccao-precoce-do-cancer-do-cancer-de-prostata/1212/289/
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/deteccao-precoce-do-cancer-de-prostata/5855/289/