Um estudo de coorte prospectivo, publicado no The British Medical Journal, teve como objetivo avaliar a relação entre a ingestão de alimentos ultraprocessados e o risco de doença inflamatória intestinal (DII).
O cenário do estudo compreendeu 21 países de baixa, média e alta renda em sete regiões geográficas (Europa e América do Norte, América do Sul, África, Oriente Médio, Sul da Ásia, Sudeste Asiático e China).
Participaram do estudo 116.087 adultos com idades entre 35-70 anos com pelo menos um ciclo de acompanhamento e dados do questionário de frequência alimentar (QFA) completos (QFAs validados e específicos para cada país foram usados para documentar a ingestão alimentar de base). Os participantes foram acompanhados prospectivamente pelo menos a cada três anos.
O principal desfecho foi o desenvolvimento de DII, incluindo doença de Crohn ou colite ulcerativa. As associações entre a ingestão de alimentos ultraprocessados e o risco de DII foram avaliadas usando modelos multivariáveis de risco proporcional de Cox. Os resultados são apresentados como taxas de risco com intervalos de confiança de 95%.
Os participantes foram inscritos no estudo entre 2003 e 2016. Durante o acompanhamento médio de 9,7 anos (intervalo interquartil 8,9-11,2 anos), 467 participantes desenvolveram DII incidente (90 com doença de Crohn e 377 com colite ulcerativa).
Após o ajuste para potenciais fatores de confusão, maior ingestão de alimentos ultraprocessados foi associada a um maior risco de DII incidente (razão de risco 1,82, intervalo de confiança de 95% 1,22 a 2,72 para ≥5 porções/dia e 1,67, 1,18 a 2,37 para 1-4 porções/dia em comparação com <1 porção/dia, P = 0,006 para tendência).
Diferentes subgrupos de alimentos ultraprocessados, incluindo refrigerantes, alimentos açucarados refinados, salgadinhos e carnes processadas, foram associados a taxas de risco mais altas para DII.
Os resultados foram consistentes para a doença de Crohn e colite ulcerativa com baixa heterogeneidade. A ingestão de carnes brancas, carnes vermelhas, laticínios, amido e frutas, vegetais e leguminosas não foi associada à DII incidente.
O estudo concluiu que a maior ingestão de alimentos ultraprocessados foi positivamente associada ao risco de doença inflamatória intestinal. Mais estudos são necessários para identificar os fatores contribuintes em alimentos ultraprocessados.
Original: https://www.news.med.br/p/medical-journal/1398740/maior+ingestao+de+alimentos+ultraprocessados+foi+positivamente+associada+ao+risco+de+doenca+inflamatoria+intestinal.htm