Em 2019, o número de médicos que ingressou em programas de Residência Médica foi de 17.350, representando um aumento de 81% em relação a 2010, quando 9.563 médicos cursaram o primeiro ano (R1). O dado faz parte do estudo Demografia Médica 2020, que estima um aumento médio de 865 médicos residentes por ano no período.
O trabalho foi organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na perspectiva de oferecer ao País um retrato sobre a Residência Médica, identificando aspectos relacionados ao perfil dos inscritos e à distribuição dos cursos pelos estados. Com este diagnóstico, espera-se contar com subsídios que permitam elaborar propostas de aperfeiçoamento deste modelo de formação com base no binômio ensino-aprendizagem em serviço. Na última década, medicina de família e comunidade foi a especialidade que registrou o maior aumento no total de residentes, pulando de 181 vagas de R1 em 2010 para 1.031 em 2019 um crescimento de 469,6%, proporção cinco vezes maior do que o aumento médio do período (81,4%) em todos os cursos de Residência. Com duração de dois anos, essa especialização teve a procura impulsionada pelo Governo Federal, ao longo dos últimos oito anos, através de programas e ações, como o Mais Médicos e o Médicos pelo Brasil, que a consideraram como pré-requisito para ingresso ou item de formação central.
“O Estado tem o papel de ordenar a necessidade de especialistas, observando aspectos como os perfis social e epidemiológico das diferentes regiões. Também deve fomentar cenários de práticas para estimular a abertura de novos polos de Residência Médica”, considera o conselheiro federal Anastácio Kotzias.
Ele avalia também que não basta aumentar o número de vagas sem a competente alocação destes profissionais em locais de assistência tão necessários à população. Kotzias é o representante do CFM na Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), órgão responsável por regulamentar e credenciar os programas de RM no Brasil.
As especialidades de endoscopia e cirurgia vascular também despontam dentre as que apresentaram as maiores taxas de
crescimento em 10 anos: 400% e 247,6%, respectivamente. Já clínica médica, ginecologia e obstetrícia, pediatria e cirurgia geral lideravam os programas de RM em números, reunindo 43% dos 53,7 mil residentes, em 2019, tendo em vista que cirurgia geral e clínica médica são pré-requisitos para ingresso em outras especialidades e áreas de atuação.
Em números absolutos, as especialidades com menor número de residentes eram: medicina de tráfego, homeopatia,
patologia clínica/medicina laboratorial e nutrologia.
Fonte: Jornal Medicina edição nº315
https://www.flip3d.com.br/pub/cfm/?numero=315&edicao=5181