No post de hoje abordaremos resumidamente importantes afecções oftalmológicas em crianças. Abordaremos nove condições. Preferi mantê-las na forma de resumos estruturados, o que pode facilitar o estudo e a memorização. Bons estudos!
Oftalmologia Pediátrica
No post de hoje abordaremos resumidamente importantes afecções oftalmológicas em crianças. Abordaremos nove condições. Preferi mantê-las na forma de resumos estruturados, o que pode facilitar o estudo e a memorização. Bons estudos!
1. Ambliopia
A ambliopia é um mecanismo neurológico desencadeado por uma importante diferença da acuidade visual entre os dois olhos em crianças de até 6 anos de idade (as informações não chegam ao sistema visual central, impedindo seu desenvolvimento adequado).
Etiologia: privação visual dos 0 aos 7 anos. Exemplos incluem: estrabismo (mais comum), anisometropia (diferença refracional entre os olhos), altos erros refracionais, privação de estímulos luminosos (catarata, ptose).
Tratamento: com resultados apenas se realizado até os 7 anos de idade; consiste na correção do problema de base, como o uso de óculos (se erro de refração) e a correção cirúrgica de uma catarata, por exemplo. Para estimular o desenvolvimento do olho amblíope, podemos realizar oclusão do olho normal (observe a imagem abaixo).
2. Estrabismo
Estrabismo é o alinhamento ocular anormal, sendo a causa mais comum de ambliopia. Podemos esperar um certo grau de estrabismo até os 6 meses de vida da criança, o que não significa anormalidade (o alinhamento dos olhos ocorre somente com o desenvolvimento da fóvea). Devemos dividir o estrabismo em dois grupos: adquirido na infância e na fase adulta.
Adquirido na infância: não são paréticos (os movimentos oculares são mantidos); causado por desbalanço do tônus muscular ou por erros refracionais; pode gerar ambliopia; geralmente sem causas sistêmicas relacionadas. Quadro típico consiste na criança que inicia com queixas de diplopia, com posterior supressão desta pelo córtex (quando ocorre a ambliopia).
Adquirido na fase adulta: relacionado à paralisia dos nervos cranianos e não causam ambliopia. Há, geralmente, causas sistêmicas relacionadas, como doenças inflamatórias, vasculites, tumores intracranianos, etc.
Tratamento: depende da causa e da faixa etária da criança; exemplos incluem: óculos para alcançar refração adequada, oclusão do olho dominante, prescrição de prismas, cirurgia, outros.
3. Obstrução das vias lacrimais
Na obstrução congênita das vias lacrimais, 90% dos casos apresentam resolução espontânea em 1 ano. O lacrimejamento excessivo costuma ser o primeiro sinal; se for uma obstrução mais baixa, pode acumular secreções e inflamar (dacrocistite).
Tratamento: consiste na realização de massagem (2 a 3 vezes/dia); se sem resolução, indica-se sondagem das vias lacrimais.
Fig: dacriocistite aguda.
4. Leucocoria
Leucocoria refere-se ao reflexo pupilar esbranquiçado. Pode ser causada, na realidade, por qualquer doença que altere o reflexo vermelho originado pela retina.
Causas: retinoblastoma, catarata congênita, toxocaríase, doença de Coats (doença vascular), descolamento de retina, retinopatia da prematuridade, persistência do vítreo.
Fig: catarata congênita unilateral causando leucocoria.
5. Catarata congênita
Consiste em qualquer opacificação do cristalino presente ao nascimento. É uma das principais causas de cegueira tratável. Pode ser uni ou bilateral.
Causas: anomalia de desenvolvimento, fator hereditário, embrionária, tóxica, infecciosa, parasitária ou por irradiação. Entre as causas infecciosas, destacam-se a rubéola, a sífilis e a toxoplasmose.< /span>
Tratamento: cirúrgico e eletivo ao diagnóstico (operar nas primeiras 6 semanas de vida, devido risco de perda visual por ambliopia).
6. Retinoblastoma
É o tumor intraocular maligno primário mais comum na infância, podendo ser hereditário (gene RPE1) ou esporádico. É entidade rara após os 3 anos. Manifestações incluem leucocoria (maioria dos casos) e estrabismo.
Tratamento: enucleação quando avançado; radio, quimio e laser se leve.
Fig: grande retinoblastoma acometendo a porção posterior do olho.
7. Glaucoma Congênito (buftalmo)
Decorre de uma disgenesia angular, resultando em uma dificuldade de escoamento do humor aquoso e, consequentemente, com o aumento da pressão intraocular. O nome buftalmo vem do aumento do globo ocular, uma manifestação que pode ocorrer nos casos mais avançados, em crianças menores de 2 anos (uma vez que os tecidos são mais elásticos).
O sinal mais precoce do glaucoma congênito é a assimetria e o alargamento da córnea. Outras manifestações incluem: lacrimejamento (epífora), fotofobia, blefaroespamo (é a tríade do glaucoma congênito).
Tratamento: essencialmente cirúrgico (goniotomia).
Igor Torturella