Desenvolvedor da linguagem Cilk, autor do livro “Algoritmos: Teoria e Prática” e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Charles E. Leiserson foi um dos palestrantes do Brazil Tech Trends – maior evento de tecnologia promovido pela Fundação Estudar.
Embora a sua expertise seja em Ciência da Computação, Leiserson é adepto do lifelong learning. Durante o painel, inclusive, ele forneceu alguns conselhos simples e aplicáveis para ter um melhor proveito do aprendizado para qualquer estudante ou profissional, independente da área ou momento da vida.
Para quem perdeu o painel, o Na Prática reuniu 4 conselhos para aprender a aprender, segundo o professor do MIT. Confira!
“As pessoas me deram todos os tipos de conselhos no início da minha carreira e a maioria deles eu não queria ouvir. Mas um que sempre faz sentido – apesar de não necessariamente prático – é seguir o próprio coração. Parece óbvio, mas não é. Se você não souber o que o seu coração quer? Tudo bem, é hora de exercitar o autoconhecimento e procurar uma oportunidade. Teste possibilidades e permita-se sentir confortável. O seu coração também é combustível do seu aprendizado.”
#2 Observe o contexto
“Talvez aquilo que você está interessado em aprender não apenas faz sentido agora, como pode continuar sendo necessário futuramente. Na tecnologia, por exemplo, são constantes microtransformações que podem tornar, amanhã, um sistema completamente diferente de hoje – embora possam vir da mesma origem. Ao observar o contexto, será possível entender quais têm sido das tendências e antever alguns passos. Isso é uma coisa, aliás, que quando você chega à minha idade fica mais fácil de fazer, porque já passou por isso algumas vezes em diferentes situações.”
#3 Aproveite o máximo dos recursos da escola/faculdade (ou outras modalidades de ensino)
“Enquanto você está na escola ou em alguma modalidade de ensino, a coisa mais importante que você pode fazer é aproveitar o máximo das oportunidades de aprendizado. Aulas, estágio ou outros programas extracurriculares… Busque saber e se interessar pelo que há disponível. Se está lá, por que não aproveitar?
Além disso, você nunca pode dizer o que vai acontecer daqui a 30 anos e quais habilidades terá de usar. Por exemplo, há 20 anos, se você estivesse estudando inteligência artificial, poderia ter descartado a ideia de que precisava aprender álgebra linear. Hoje, se você não sabe álgebra linear, não pode fazer pesquisas de ponta em inteligência artificial e learning machine. Uma experiência que eu tenho é que nunca é demais aprender mais.”
#4 Separe o ego do aprendizado
“Esta pode ser a coisa mais importante que aprendi: separe o ego do aprendizado. Digo em um sentido amplo. Eu tinha medo de fazer perguntas nas aulas por não querer parecer idiota perto dos meus colegas. Mas um dia – momento que coincide com a minha mudança para a Ciência da Computação – disse a mim mesmo: ‘tudo bem, vou aprender isso para mim e não me importo com o que as outras pessoas pensam, pois estou aprendendo e tenho o direito de não ser perfeito’. Foi um alívio e você deve fazer esse exercício.
Além disso, a minha observação é que quando as pessoas estão tendo sucesso, elas ficam surdas ao resto da realidade. E, para estar disposto a aprender, você não pode ser surdo, pois justamente tem que saber ouvir. Porém, isso geralmente requer um pouco de ‘humilhação’ em algum sentido. Se você, por exemplo, você não se saiu tão bem quanto pensava em determinada situação, algo no ego será abalado. Não por acaso, você estará mais inclinado a querer aprender. Mas é muito melhor ter essa humildade desde já a esperar essas situações, não é mesmo?”
Texto retirado de:
Na Prática