A vitamina D tem potente efeito de aumentar a absorção de cálcio no trato gastrointestinal, além de apresentar efeitos significativos na deposição e absorção ósseas. Para tais ações, a vitamina D deve passar por uma série de reações no fígado e nos rins, como será discutido a seguir.
O Colecalciferol (Vitamina D3) é formado na pele em consequência da irradiação do 7-desidrocolesterol. Este elemento é convertido em 25-hidroxicolecalciferol no fígado. O processo é restrito, já que o 25-hidroxicolecalciferol apresenta efeito inibidor por feedback nas reações de conversão. Esse processo de controle por feedback é extremamente importante por 2 motivos:
1- o mecanismo de feedback regula precisamente a concentração de 25-hidroxicolecalciferol no plasma. Importante notar que a ingestão de vitamina D3 pode aumentar muito e, ainda assim, a concentração de 25-hidroxicolecalciferol permanece quase normal. Esse alto grau de controle por feedback impede a ação excessiva da vitamina D, quando a quantidade de vitamina D3 está muito alterada dentro de ampla faixa.
2- essa conversão controlada da vitamina D3 em 25-hidroxicolecalciferol conserva a vitamina D armazenada no fígado para uso futuro. Uma vez convertida a vitamina D3, o 25-hidroxicolecalciferol persiste no corpo por apenas algumas semanas. Na forma de vitamina D, no entanto, ela pode ficar armazenada no fígado por muitos meses.
Nos rins ocorre a conversão do 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol, nos túbulos proximais. Essa substância é a mais ativa da vitamina D, visto que os produtos antecedentes apresentam menos de 1/1000 do efeito dessa vitamina. Portanto, a vitamina D perde quase toda a sua eficácia na ausência dos rins.
Essa conversão nos rins também requer a presença de PTH, o que torna esse hormônio um potente influenciador nos efeitos da vitamina D no organismo.
Por último, a concentração de íon cálcio controla a formação de 1,25-di-hidroxicolecalciferol.
Existem 2 motivos para esse efeito:
1- cálcio iônico, por si só, apresenta ligeiro efeito de impedir a conversão de 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol.
2- a secreção do PTH é muito suprimida quando a concentração plasmática do cálcio iônico se eleva acima de 9 a 10mg/100ml. Portanto, em concentrações de cálcio abaixo desse nível, o PTH promove a conversão de 25-hidroxicolecalciferol em 1,25-di-hidroxicolecalciferol nos rins. Em concentrações mais elevadas do cálcio, ao suprimir o PTH, o 25-hidroxicolecalciferol é convertido em composto diferente, o 24,25-di-hidroxicolecalciferol, que tem efeito quase nulo de vitamina D.
Quando a concentração plasmática do cálcio for muito alta, a formação de 1,25-di-hidroxicolecalciferol fica bastante deprimida. A menor formação de vitamina 25-di-hidroxicolecalciferol, por sua vez, diminui a absorção de cálcio pelos intestinos, pelos ossos e pelos túbulos renais, levando à queda da concentração do cálcio iônico para seu nível normal.
Fonte:
Guyton & Hall – Tratado de Fisiologia Médica