Conceito e classificação
A estreptomicina foi o primeiro aminoglicosídeo obtido a partir do fungo Streptomyces griseus em 1944. As principais drogas utilizadas atualmente em nosso meio, além da estreptomicina, são: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina.
Mecanismo de ação
Ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a síntese protéica ou produzindo proteínas defeituosas. Para atuar, o aminoglicosídeo deve primeiramente ligar-se à superfície da célula bacteriana e posteriormente deve ser transportado através da parede por um processo dependente de energia oxidativa.
Propriedades farmocológicas
Pouco absorvíveis por via oral, sendo utilizados por esta via somente para a descontaminação da flora intestinal (neomicina). Os níveis séricos máximos são obtidos após 60 a 90 minutos, por via intramuscular, e em infusões intravenosas por 30 minutos. Sua atividade bactericida está relacionada ao seu pico sérico, ou seja, quanto maior a concentração da droga mais rápida e maior o efeito bactericida, mostrando ainda importante atividade bacteriostática residual, principalmente quando do uso concomitante com antimicrobianos ß-lactâmicos.
Distribuem-se bem no líquido extracelular, porém a concentração intracelular é pequena, por necessitarem de transporte ativo para sua absorção. Exceção são as células tubulares renais proximais onde fazem com que a urina atinja concentrações 25 a 100 vezes a sérica.
A penetração nas secreções pulmonares alcança 20% da concentração sérica, também é baixa a penetração em liquor, exceto em recém-nascidos. São eliminados quase que inalterados por filtração glomerular.
Indicações clínicas
Os principais usos dos aminoglicosídeos são: septicemias, infecções do trato urinário, endocardites, infecções respiratórias, infecções intra-abdominais, meningites em recém-nascidos, infecções oculares, osteomielites e infecções de articulações. têm grande atividade contra bacilos e cocos gram-negativos aeróbios, entre eles, Klebsiella spp., Serratia spp., Enterobacter spp., Citrobacter spp., Haemophilus spp., Acinetobacter spp. e cepas de Pseudomonas aeruginosa. Apresentam também atividade contra bactérias gram-positivas, entre elas: Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Listeria monocytogenes, Enterococcus faecalis e Nocardia asteroides, além de serem ativas contra micobactérias.
Estreptomicina
Boa atividade contra Mycobacterium tuberculosis e M. bovis, sendo, no entanto, usada em esquemas alternativos contra tuberculose, quando há resistência a isoniazida e/ou rifampicina ou quando a terapia parenteral é necessária.
Gentamicina
Utilizada no tratamento de infecções por bacilos gram-negativos, com ação contra P. aeruginosa ou S. marcescens. Também usada em esquemas combinados com ß-lactâmicos para infecções mais graves por enterococos.
Amicacina
Tem o maior espectro de ação do grupo e é usada em infecções por bacilos gram-negativos resistentes a gentamicina e na terapia empírica de infecções relacionadas à assistência à saúde. É também útil na terapia das micobacterioses, em casos específicos de infecções por M. tuberculosis ou no tratamento de infecções pelo M. fortuitum e M. avium.
Efeitos colaterais
Nefrotoxicidade: todos os aminoglicosídeos são potencialmente nefrotóxicos. Manifesta-se clinicamente após 7 a 10 dias de tratamento como uma insuficiência renal aguda do tipo não oligúrica, por necrose tubular aguda. Há reversibilidade da função renal com a interrupção do tratamento. Fatores de risco incluem: uso concomitante de outras drogas nefrotóxicas, idade avançada, doença hepática subjacente, uso prévio de aminoglicosídeos e estados hipovolêmicos.
Outros efeitos mais incomuns: ototoxicidade e paralisia neuromuscular.