O diabetes tipo 2 (DM2) e as doenças cardiovasculares (DCV) representam cargas significativas de doenças para a maioria da sociedade, e a suscetibilidade a essas doenças é fortemente influenciada pela dieta e estilo de vida.
Alterações fisiológicas associadas a DM2 ou DCV, como hipertensão arterial e níveis de colesterol e glicose no sangue, são frequentemente aparentes antes da incidência da doença.
Neste estudo publicado na PLOS Biology, foram integradas análises genética, lipidômica e diagnóstico clínico padrão para avaliar o risco futuro de DM2 e DCV para 4.067 participantes de uma grande coorte prospectiva. Ao treinar modelos de aprendizado de máquina, foram computados vários escores de risco para incidência de DM2 e DCV durante até 23 anos de acompanhamento.
Usando esses escores para estratificar os participantes em grupos de risco, foi descoberto que um escore de risco lipidômico baseado na quantificação de 184 concentrações de lipídios no plasma resultou em um aumento de 168% e 84% da taxa de incidência no grupo de maior risco e um aumento de 77%, e redução de 53% da taxa de incidência no grupo de menor risco para DM2 e DCV, respectivamente, em comparação com as taxas médias de 13,8% e 22,0%.
Notavelmente, o risco lipidômico correlacionou-se apenas marginalmente com o risco poligênico, indicando que o lipidoma e as variantes genéticas podem constituir fatores de risco amplamente independentes para DM2 e DCV. A estratificação de risco foi melhorada com a adição de variáveis clínicas padrão ao modelo, resultando em uma taxa de casos de 51,0% e 53,3% no grupo de maior risco para DM2 e DCV, respectivamente. Os participantes do grupo de maior risco apresentaram composições de lipidomas significativamente alteradas, afetando 167 e 157 espécies de lipídios para DM2 e DCV, respectivamente.
Os resultados demonstraram que um subconjunto de indivíduos com alto risco de desenvolver DM2 ou DCV pode ser identificado anos antes da incidência da doença. Portanto, o risco lipidômico, que é derivado de apenas uma única medida espectrométrica de massa que é barata e rápida, pode estender a avaliação de risco tradicional baseada em ensaios clínicos.
Fonte: https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.3001561#abstract0