Durante toda minha vida sempre ouvi que uma das habilidades fundamentais para o sucesso era ter ‘Resiliência’.
Não existe sucesso sem resiliência, só os fortes conseguem aguentar e sobreviver no final.
É preciso ter ‘canela grossa’ para continuar de pé e não desistir.
Afinal o sucesso é como uma grande maratona, ele exige disciplina e perseverança. Poucas pessoas tem capacidade de suportar fracasso atrás de fracasso até alcançar a vitória.
Mas afinal, o que é Resiliência?
Segundo a física:
Resiliência é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação.
Traduzindo pro mundo dos negócios, resiliência seria algo como receber estímulos negativos (pressão, erros, concorrência) e não se abalar.
Uma pessoa resiliente tem grande capacidade de receber fracassos e continuar lutando com a mesma energia de quando ela começou.
O mais curioso é que as pessoas tendem a associar resiliência a algo que tem propriedades robustas, mas a própria física nos mostra que os materiais mais resilientes são aqueles que tem flexibilidade (como molas).
Talvez as pessoas mais resilientes não sejam aquelas pessoas ‘frias’ e sem emoções, mas sim pessoas de grande energia e animação, que se entregam de corpo e alma e não se deixam abalar tão fácil.
Apesar dessas grandes virtudes, resiliência é algo estático.
O conceito de resiliência é algo fixo pois se refere a um material que aguenta deformações e que consegue voltar ao mesmo estado padrão.
Essa capacidade está diretamente relacionada com a solidez de se fixar numa possibilidade e não se deformar, ou seja, não desanimar e aguentar firme.
O mundo está mudando e recentemente um novo conceito surgiu para aprimorar a nossa visão sobre como lidar com os erros.
Esse novo conceito, uma espécie de Resiliência 2.0, foi cunhado por Nassim Nicholas Taleb e se chama Antifragilidade.
O que é antifragilidade?
Para entender o que é antifrágil é necessário primeiro compreender sua antítese, ou seja, o que é fragilidade.
Fragilidade é um conceito simples. É algo que necessita de manuseio com cuidado, pois tem grande facilidade de quebrar. Por isso é preciso ter precaução ao lidar com itens frágeis porque podem ocorrer imprevistos.
Como devemos chamar aquilo que não é frágil? Não é Resiliência.
Um Item resiliente pode até não se quebrar quando ocorre um acidente, mas ele não se beneficia disso. Ele simplesmente permanece estático.
O Item que buscamos é um item que quanto menos cuidado ele recebe ao ser manuseado, mais forte ele se torna. Itens que se beneficiam do inesperado.
Antifragilidade no mundo dos negócios pode ser entendido como alguém que quanto mais se expõe a condições de stress, mais essa pessoa se fortalece.
É como se cada vez que ela se depara com um erro ela aumentasse a sua motivação e melhorasse sua capacidade.
Ela se beneficia do inesperado e das situações negativas pois isso faz ela crescer.
Um exemplo seria a Hidra de Lerna, um monstro da mitologia Grega que cada vez que uma de suas cabeças era cortada, duas cresciam no lugar. Portanto, a Hidra se fortalecia a cada batalha.
É uma resiliência 2.0, pois enquanto na resiliência você continua apesar dos erros, com a antifragilidade você continua por causa dos erros, é como se olhássemos isso de forma positiva.
A tranquilidade não nos leva a evoluir, e evitar erros também é uma atitude ruim. Não é possível aprender sem erros.
Ao contrário de evitar os erros a todo custo, aprendemos no mundo das startups que devemos errar muito, mas gastando pouco e aprendendo rápido.
Experimentos devem ser realizados o tempo inteiro a fim de aprender, por isso foco no aprendizado.
Também é possível aprender com os erros dos outros, e isso é muito sábio, mas se você está somente nesse quadrado, talvez não esteja testando coisas novas.
Como se tornar antifrágil?
É preciso se colocar em situações de risco, pois sem risco não é possível errar e acertar. Quando criamos condições de risco podemos então experimentar e aprender.
Temos a tendência de acreditar que grande parte do conhecimento e aprendizado vem da teoria, mas isso é uma falácia, grande parte dos aprendizados vem do simples ‘tentativa e erro’.
O profissional antifrágil se preocupa em errar muito e aprender com cada uma das falhas.
Ele se preocupa em não cometer os mesmos equívocos, afinal errar duas vezes a mesma coisa é burrice.
Também é preciso ser criativo: Quanto mais erros diferentes você comete, mais aprendizados diferentes possui também. Antifragilidade tem absolutamente tudo a ver com sair da zona de conforto.
Antifragilidade tem muito mais a ver com crescer 1% cada dia
Os músculos do corpo humano são antifrágeis: Quando você os expõe a uma quantidade regulada de stress proporcionado por pesos ou aparelhos ginásticos, eles crescem.
O desgaste muscular faz o músculo evoluir, mas o que acontece se você tentar forçar demais? Ele se danifica.
Um profissional antifrágil se preocupa em corrigir os pequenos erros para que eles não se tornem grandes demais no futuro.
É como no Growth Hacking: São pequenas melhorias que causam um crescimento exponencial.
Por isso não faz sentido dar um passo maior que a perna, os riscos vindo de uma grande tentativa tem consequências que podem comprometer outros experimentos.
É mais inteligente errar pequeno várias vezes e de forma rápida.
Criatividade também está diretamente alinhada com isso, pessoas que combinam coisas diferentes são criativas, e obviamente isso significa correr riscos. Por isso o risco precisa ser administrado.
O erro é também um grande diferencial competitivo, se você comete erros que ninguém nunca cometeu, você tem aprendizados que outras pessoas não possuem.
Aprenda a apanhar (e apanhar muito)
Tão importante quanto saber lidar com pequenos erros, também é preciso saber lidar com os vexames.
Se tem uma coisa que todo empreendedor conhece muito bem é o famoso imprevisto, e nos dias de hoje isso tem se tornado quase que uma regra.
É como diz o Matt Montenegro (CEO do MeuAio) no seu artigo ‘Aprenda a apanhar’:
O mundo é imprevisível
O mundo está numa velocidade fora do normal, estamos no inicio da curva exponencial da ciência e tecnologia, ou seja, daqui para frente os ciclos de aprendizado vão crescer mais rápido do que jamais visto na terra.
Eu só compreendi de fato isso quando me deparei com o seguinte número: Daqui 30 anos todo o conhecimento que temos hoje vai representar menos de 1% do conhecimento total do mundo.
Se o mundo é imprevisível não vale mais a pena criar planejamentos de 5 anos como antigamente.
O antifrágil se beneficia do caos e por isso ele se preocupa mais em executar com maestria e analisar do que planejar minuciosamente.
Se preocupe com o próximo passo
O próximo passo é sempre o passo mais importante que você vai dar na sua vida.
Isso pode parecer obvio mas depois de ter lido o ‘Vai lá e Faz’ (um dos livros mais fantásticos que conheci) entendi o verdadeiro significado de pensar no agora.
Se você fizer as suas tarefas bem feitas, se preocupando em executar com capricho, as coisas simplesmente se conectam.
Faça sempre o seu melhor e deixe fluir. Você conhece o benefício de pensar pequeno?
P.S: Faça o download gratuito do livro ‘Vai lá e Faz’ (VLEF) clicando aqui.
#FocoNoAprendizado
Isso já virou mantra no Vale do Silício, quem se preocupa demais com resultado, ou esforço, acaba esquecendo de se preocupar com o mais importante: Aprender.
Em tudo que fizer busque sempre a perspectiva do aprendizado: O que eu aprendi? Como posso fazer melhor? Como fazer menos, mais rápido e melhor? Esse é o maior ensinamento desse texto.
Se você entendeu que para aprender é preciso apanhar e errar muito de forma inteligente, então você entendeu o verdadeiro conceito de antifragilidade.
Se você tem mais interesse no conceito, não deixe de ler o livro original ‘Antifrágil’ do Nassim Nicholas Taleb.
Fonte:
Antifrágil: Porque somente a resiliência está se tornando algo ultrapassado