A perda do olfato e do paladar são sintomas comumente relatados associados à COVID-19; no entanto, a soroprevalência de anticorpos contra o coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) em pessoas com perda aguda do olfato e/ou paladar é desconhecida.
Este estudo, publicado na PLOS Medicine, teve como objetivo determinar a soroprevalência de anticorpos contra SARS-CoV-2 em uma população de base comunitária com perda aguda de olfato e/ou paladar e comparar a frequência de sintomas associados à COVID-19 em participantes com e sem anticorpos contra SARS-CoV-2. Também foi avaliado se a perda de olfato ou paladar são indicativos de infecção por COVID-19.
Mensagens de texto, enviadas por meio de centros de atenção primária em Londres, Reino Unido, convidavam pessoas com perda do olfato e/ou paladar no mês anterior a participar. O recrutamento ocorreu entre 23 de abril de 2020 e 14 de maio de 2020. Um total de 590 participantes se inscreveram por meio de uma plataforma baseada na web e responderam a perguntas sobre perda de olfato e paladar e outros sintomas relacionados à COVID-19.
A média de idade foi de 39,4 anos (DP ± 12,0) e 69,1% (n = 392) dos participantes eram do sexo feminino. Um total de 567 (96,1%) tiveram uma consulta de telemedicina durante a qual seus sintomas relacionados à COVID-19 foram verificados e um teste de imunoensaio de fluxo lateral que detectou anticorpos imunoglobulina G (IgG) e imunoglobulina M (IgM) contra SARS-CoV-2 foi realizado sob supervisão médica.
Um total de 77,6% dos 567 participantes com perda aguda de olfato e/ou paladar tinham anticorpos contra SARS-CoV-2; destes, 39,8% (n = 175) não apresentavam tosse nem febre.
Nova perda do olfato foi mais prevalente em participantes com anticorpos contra SARS-CoV-2, em comparação com aqueles sem anticorpos (93,4% versus 78,7%, p <0,001), enquanto a perda do paladar foi igualmente prevalente (90,2% versus 89,0%, p = 0,738).
A soropositividade para SARS-CoV-2 foi 3 vezes mais provável em participantes com perda do olfato (OR 2,86; IC 95% 1,27–6,36; p <0,001) em comparação com aqueles com perda do paladar.
As limitações deste estudo são a falta de um grupo de controle populacional geral, a natureza autorrelatada das alterações de olfato e paladar e o fato de a metodologia não levar em consideração a possibilidade de que um subconjunto da população pode não soroconverter para desenvolver anticorpos contra SARS-CoV-2 após a COVID-19.
Os resultados sugerem que a perda recente do olfato é um sintoma de COVID-19 altamente específico e deve ser considerado de forma mais geral para guiar isolamento de casos, testes e tratamento da COVID-19.
Original: https://www.news.med.br/p/medical-journal/1380698/perda+do+olfato+e+um+sintoma+de+covid+19+altamente+especifico+e+deve+ser+considerado+para+guiar+isolamento+testes+e+tratamento+da+doenca.htm