Chama-se punção lombar ao procedimento que retira uma pequena quantidade do líquor (também chamado líquido cefalorraquidiano, líquido que banha o cérebro e a medula espinhal), por meio de uma fina agulha, para exame das suas características físicas, citológicas, microbiológicas e químicas. Em um sentido inverso, a punção lombar também permite que sejam injetadas substâncias medicamentosas no líquor ou na medula (raquianestesia, por exemplo) e medida a pressão no interior da câmara liquórica.
Como se realiza a punção lombar?
O exame não exige qualquer preparo prévio especial. Apenas devem ser evitadas refeições muito pesadas, na hora que antecede ao exame. Se o paciente tem algum problema de coagulação sanguínea ou faz uso de medicamentos anticoagulantes, o médico deve ser avisado.
O procedimento pode ser realizado em ambulatório, a menos que o paciente já esteja internado em virtude de sua patologia e, após, o paciente pode regressar para seu lugar de origem. Quase sempre ela é feita com anestesia local e somente com as pessoas que não cooperam, por qualquer motivo, com o exame, utiliza-se a anestesia geral (pacientes muito agitados, crianças, pacientes com transtornos ou confusão mental, etc.). O paciente deve deitar-se em decúbito lateral, com o pescoço e os joelhos dobrados, procurando atingir o tórax, numa posição fetal (posição em que fica o feto dentro da barriga). A punção lombar pode também ser realizada com o paciente assentado, recurvado em direção ao peito, joelhos fletidos e abraçados em direção ao peito. O médico decidirá a melhor postura, levando em conta as condições clínicas do paciente. Depois de uma adequada assepsia da área, uma agulha fina e longa (cerca de 12 centímetros) é inserida entre as vértebras lombares L3/L4 ou L4/L5. O mandril da agulha (estilete que preenche a agulha) é então retirado para que goteje algumas gotas de líquor. Em seguida, a agulha pode ser retirada, fazendo-se uma pequena pressão no local do furo para evitar maior derramamento de líquor. Normalmente, havendo cooperação do paciente, o procedimento dura de quinze a vinte minutos. Houve tempo em que se acreditou que o paciente devia permanecer deitado pelo menos por seis horas depois do exame e ser monitorado para detectar sinais de problemas neurológicos, entretanto não há nenhuma evidência de que isto traga qualquer benefício. A técnica descrita é quase idêntica à usada nas anestesias espinhais, sendo que nessa algo é injetado e não retirado.
Por que fazer uma punção lombar?
Na maioria das vezes a punção lombar é feita para a injeção de anestésicos no espaço liquórico, mas a sua principal utilidade diagnóstica é fazer a coleta de líquor para o reconhecimento dos vários tipos de infecções meníngeas e de muitas outras afecções neurológicas. Ao mesmo tempo, ela possibilita medir a pressão do líquor, importante em muitas patologias neurológicas. Além de uma análise bioquímica, citológica e microbiológica do líquor (proteínas, glicose, leucócitos, micro-organismos e células neoplásicas), a punção lombar permite também uma análise física, como a presença de sangue ou pus, por exemplo, o que já fornece alguns indícios médicos importantes. Em resumo, uma punção lombar é uma importante ajuda na pesquisa de infecções; na investigação de certas condições inflamatórias do sistema nervoso; na investigação de alguns tipos de cânceres; para introduzir fármacos; para a administração de contrastes para mielografia (radiografia da medula espinhal); para a introdução de anestésicos; para descompressão medular; em casos de pressão aumentada no canal medular; para medir a pressão do líquido cefalorraquidiano.
Quais são os riscos da punção lombar?
Realizada corretamente, a punção lombar quase não apresenta riscos. Como a quantidade de líquido retirado é muito pequena (algumas gotas), isso não chega a causar repercussões no cérebro ou na medula. Os riscos maiores são a ocorrência de infecção ou hemorragia, mas em geral isso corresponde a falhas técnicas.
Mesmo com uma técnica perfeita, pode ocorrer uma dor no local da punção ou uma dor de cabeça, ambas temporárias. A punção lombar não deve ser realizada se houver a presença ou suspeita de hipertensão liquórica muito alta, pelo risco de deslocamento do cérebro e herniação de amígdalas cerebelares, o que pode levar à morte. Diante da possibilidade de pressão liquórica aumentada, um exame de fundo de olho e uma tomografia ou ressonância magnética devem ser realizadas antes da punção lombar. Como o reservatório de líquor a ser acessado fica abaixo da terminação da medula, não há perigo de que essa seja atingida.
E após a punção lombar?
O paciente pode sentir-se um pouco tonto após a punção lombar, por isso não deve dirigir veículos automotores ou operar máquinas perigosas logo em seguida ao exame. O ideal é que o paciente tenha um acompanhante para assisti-lo logo depois. Nas primeiras horas que se seguem ao exame o paciente deve permanecer deitado e beber bastante líquidos, sobretudo os que contêm cafeína (café, chás, colas, etc.). Se tiver dor de cabeça, deve permanecer deitado e tomar os analgésicos indicados pelo seu médico.
Fonte:
https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/358814/puncao+lombar+como+e+feita+para+que+serve+quais+sao+os+riscos+o+que+fazer+apos+o+procedimento.htm#:~:text=Realizada%20corretamente%2C%20a%20pun%C3%A7%C3%A3o%20lombar,isso%20corresponde%20a%20falhas%20t%C3%A9cnicas.