Refletindo sobre a essência da palavra empatia, busquei em mim mesmo as definições que eu poderia dar a essa poderosa palavra que, desde sempre, molda as relações psicossociais humanas. Então o que é empatia, perguntei a mim mesmo? Como irei definir assertivamente essa marcante relação em que os seres humanos são moldados? Confesso que não obtive as respostas que queria, mas achei em minhas profundas elucubrações exemplos de como essa força invisível atua em nosso cotidiano. Tire você do seu lugar e coloque você dentro do lugar de outra pessoa. Tire você da posição de médico e se coloque na posição de um paciente. Porém, não qualquer paciente. Se coloque no lugar de uma pessoa pobre, miserável, sem educação, sem uma dieta completa, que utiliza da força manual para ter os mínimos pressupostos básicos de vivência. Você adoece porque nunca tivera tempo para cuidar do corpo e não tem dinheiro para ter uma alimentação completa. Você precisa de tratamento urgente, senão sua família não conseguirá se alimentar hoje. Você enfrenta filas e mais filas, horas e mais horas, para ser atendido. Sua hora finalmente chega. Você entra no consultório. Nenhum bom dia, nenhum aceno, nenhum olhar, nenhum sorriso. Só 5 minutos de atendimento, uma receita de um remédio que você não pode pagar e o gosto amargo por ter perdido a manha toda para não te falarem o que você realmente tem. Se colocou no lugar dessa pessoa? Sentiu raiva, amargura, tristeza, desesperança e desespero? Isso é empatia. Um médico que se colocaria no lugar dessa pessoa nunca a trataria desse jeito, porque nunca gostaria de ser tratado dessa forma. Empatia não é só se imaginar no lugar do outro, é sentir as sensações e os sentimentos que determinada conduta poderia impactar no outro, tanto negativa quanto positivamente.
Autor: Bruno de Melo Ferreira – Acadêmico de Medicina UERJ