A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou, nesta quarta-feira (17), que a situação da pandemia de Covid-19 no Brasil ainda é grave, apesar de haver sinais de estabilização.
“A epidemia ainda é bastante grave no Brasil. Os profissionais de saúde, como dissemos antes, estão trabalhando extremamente e sob pressão para lidar com o número de casos que assistem diariamente”, disse Michael Ryan, diretor de emergências da OMS.
“Mas certamente o aumento não é tão exponencial como era anteriormente. Existem alguns sinais de que a situação está se estabilizando”, afirmou o diretor de emergências.
O Brasil tem o segundo maior número de mortes por Covid-19 no mundo: eram mais de 45,5 mil às 13h desta quarta-feira, conforme levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o G1 faz parte.
O número de vitimas fica atrás apenas das registradas nos Estados Unidos, que têm mais de 117 mil mortes, conforme monitoramento feito pela universidade americana Johns Hopkins.
Número de mortes por Covid-19 no Brasil — Foto: G1
Alerta para ressurgimento
Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) — Foto: Christopher Black/OMS
O diretor de emergências alertou que o número de casos pode voltar a crescer no Brasil:
“Mas já vimos isso antes em epidemias em outros países. Você pode ver um sinal de estabilização em um dia ou dois e depois pode decolar novamente. Então, o que eu diria é que é um momento de extrema cautela no Brasil”, disse Ryan.
Na terça-feira (16), algumas cidades chinesas fecharam escolas e impuseram restrições de viagem depois de um novo surto de Covid-19 em Pequim, a capital, que passou mais de 50 dias sem novos casos da doença.
“Acho que, na perspectiva do Brasil, é realmente um momento para focar em saúde pública e medidas sociais, em apoiar comunidades que acham as medidas difíceis de sustentar e também têm um impacto maior em termos de saúde, para garantir que o sistema hospitalar continue funcionando”, avaliou Ryan.
Na terça-feira (16), o diretor-assistente da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, lembrou que populações pobres precisam de garantias sociais para conseguir cumprir as medidas de distanciamento.
Pandemia será longa, alerta Opas
A Opas, que é o braço regional da OMS nas Américas, também alertou que a pandemia na América Latina poderá ser mais longa que na Europa se as medidas de distanciamento social não forem adotadas ou reforçadas.
“Tudo indica que, se as medidas de mitigação recomendadas pela OMS e pela Opas não forem adotadas ou reforçadas, [a pandemia] pode durar muito mais tempo que na Europa. A epidemia ainda não passou do pico na América Latina”, alertou Marcos Espinal, diretor para doenças infecciosas da Opas.
Ele destacou, ainda, que a região deve ver uma “onda importante” da doença nos meses de junho e julho, e lembrou a necessidade de continuar as medidas de prevenção. Espinal pontuou, ainda, a diferença nas características latinoamericanas e europeias.
“As comparações sempre são um pouco delicadas, e não é bom fazer comparações, já que são regiões completamente diferentes: a Europa com países de mais recursos, América Latina com suas iniquidades e países de menos recursos, cidades muito urbanizadas”, lembrou.
Fonte:
G1