O coronavírus passou a ser classificado como uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Isso significa que uma transmissão é eficaz e contínua, simultaneamente em mais de três regiões geográficas diferentes. Já podemos estar nesta fase, mas isso não é sinônimo de morte, pois o termo não se refere à taxa de mortalidade do agente infeccioso, mas à sua transmissibilidade e extensão geográfica.
Enquanto isso, o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, confirmou, na manhã desta quinta-feira (12), o primeiro caso de transmissão local do coronavírus no RJ. Ou seja: o contágio aconteceu dentro do país, e não de um portador do vírus vindo de fora. Até a manhã desta quinta, o estado tinha 15 casos confirmados do novo coronavírus, sendo 13 na capital fluminense.
A medida faz com que o estado passe para o nível 1 do Plano de Contingência, que prevê a disponibilidade de 206 leitos exclusivos para tratamento de casos graves de pessoas infectadas em hospitais espalhados pelas diversas regiões, incluindo unidades municipais e federais, além da rede estadual.
Pensando nisso, consideramos que já passou da hora de levar a ameaça a sério, mas ao mesmo tempo, sem pânico para que todos recebam as informações necessárias, sem exageros e fake news. É preciso encontrar um meio termo entre os memes e a realidade.
Aqui está uma lista, inspirada em informações divulgadas pela BBC Brasil e apurações do Hypeness, para salvar nos favoritos e espalhar nos grupos de WhatsApp, de todas as notícias positivas em torno do assunto, para você não surtar e saber se proteger.
1. Já sabemos do que se trata e com o que estamos lidando
No décimo dia do surto, já havia sido identificada a sequência do genoma do coronavírus. Os primeiros casos do novo coronavírus foram relatados na China em 31 de dezembro de 2019 e em 7 de janeiro o vírus já havia sido identificado.
O genoma estava disponível no dia 10. Já sabemos que é um novo coronavírus do grupo 2B, da mesma família que a Sars, razão pela qual o chamamos de SARSCoV2. A doença é chamada covid-19.
Se compararmos com a epidemia de AIDS, por exemplo, que só teve o vírus causador da doença identificado quase dois anos após os primeiros casos, estamos vivendo um avanço tecnológico gigante.
2. Sabemos como detectá-lo
Desde 13 de janeiro está disponível para todo o mundo um teste de RT-PCR para detectar o vírus. Nos últimos meses, esses tipos de testes foram aperfeiçoados e tiveram sua sensibilidade e especificidade avaliadas.
3. Na China, a situação está melhorando
E este é o foco da epidemia. Tudo graças às fortes medidas de controle e isolamento impostas pelo governo do país. Há semanas, o número de casos de diagnosticados diminui a cada dia.
Em outros países, está sendo realizado um acompanhamento epidemiológico muito detalhado. Os focos são muito concretos, o que permite que eles sejam controlados mais facilmente. Por exemplo, na Coreia do Sul e em Cingapura.
A doença não causa sintomas ou é leve em 81% dos casos. Em 14%, pode causar pneumonia grave e em 5% pode se tornar crítica ou letal.
Apenas 3% dos casos ocorrem em menores de 20 anos e a mortalidade em menores de 40 anos é de apenas 0,2%. Nas crianças, os sintomas são tão leves que podem passar despercebidos.
Por isso as pessoas pertencentes a grupos de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas, devem estar mais atentos a contaminação.
5. É possível se curar do coronavírus
Claro que os dados mostrados pela mídia – como os aumentos no número de casos confirmados e no número de mortes – são importantes de serem divulgados. Mas é importante saber também que a maioria das pessoas infectadas é curada. Há 13 vezes mais pacientes curados do que mortos, e a proporção está aumentando.
6. O vírus é facilmente inativado
O vírus pode ser inativado das superfícies com uma solução de etanol (álcool 62-71%), peróxido de hidrogênio (água oxigenada a 0,5%) ou hipoclorito de sódio (lixívia a 0,1%), em apenas um minuto.
A lavagem frequente das mãos com água e sabão é a maneira mais eficaz de evitar o contágio. Lavar bem as mãos é a maneira mais eficaz de evitar o contágio
7. Já existem mais de 150 artigos científicos
E tudo isso foi produzido em pouco mais de um mês! Os 164 artigos já podem ser consultados no PubMed sobre covid-19 ou SARSCov2, além de muitos outros disponíveis nos bancos de artigos ainda não revisados (pré-impressões).
São trabalhos preliminares sobre vacinas, tratamentos, epidemiologia, genética e filogenia, diagnóstico e aspectos clínicos. Esses artigos foram preparados por cerca de 700 autores espalhados pelo planeta. É ciência em comum, compartilhada e aberta. Em 2003, quando a Sars aconteceu, levou mais de um ano para obter menos da metade de artigos.
8. Já existem protótipos de vacinas
Já existem mais de oito projetos contra o novo coronavírus e grupos que trabalham em projetos de vacinas contra outros vírus semelhantes e agora tentam adaptar as pesquisas.
Por exemplo, a vacina mRNA-1273 da empresa Moderna consiste em um fragmento de RNA mensageiro que codifica uma proteína derivada da glicoproteína S da superfície do coronavírus. Esta empresa possui protótipos semelhantes para outros vírus.
A Inovio Pharmaceuticals anunciou uma vacina de DNA sintético para o novo coronavírus, INO-4800, também baseada no gene S da superfície do vírus. Por sua vez, a Sanofi usará sua plataforma de expressão de baculovírus recombinante para produzir grandes quantidades do antígeno de superfície do novo coronavírus.
O grupo de vacinas da Universidade de Queensland, na Austrália, anunciou que já está trabalhando em um protótipo usando a técnica chamada “grampo molecular”, uma nova tecnologia que permite produzir vacinas usando o genoma do vírus em tempo recorde. Na Espanha, o grupo de Luis Enjuanes e Isabel Sola, do CNB-CSIC, trabalha com vacinas contra coronavírus há anos.
Alguns desses protótipos serão testados em breve em humanos.
9. Existem mais de 80 ensaios clínicos com antivirais em andamento
As vacinas são preventivas. Mais importantes são os possíveis tratamentos de pessoas que já estão doentes. Já existem mais de 80 ensaios clínicos para analisar tratamentos contra coronavírus. São antivirais que foram usados para outras infecções, já aprovados e que sabemos que são seguros.
Um dos que já foram testados em humanos é o remdesivir, um antiviral de amplo espectro, ainda em estudo, que foi testado contra Ebola e Sars/Mers. É um análogo da adenosina que é incorporado na cadeia do RNA viral e inibe sua replicação.
Outro candidato é a cloroquina, um antimalárico que também possui atividade antiviral potente. Sabe-se que bloqueia a infecção aumentando o pH do endossomo necessário para a fusão do vírus com a célula, o que inibe sua entrada.
Importante lembrar que nenhum desses medicamentos e vacinas foram aprovados até o momento como seguros ou eficientes em testes clínicos e, por isso, não devem ser utilizados para tratamento de Covid-19 até que sejam considerados, cientificamente, aptos a esse fim.
10. Sabemos como é transmitido e como se proteger do vírus
A principal maneira de evitar o coronavírus é lavando as mãos com frequência, com água e sabão – álcool gel funciona também. É importante lembrar de tossir cobrindo a boca e o nariz com o cotovelo flexionado, evitar tocar olhos, nariz e boca, evitar aglomerações e manter distância das demais pessoas, especialmente das que estão com tosse ou febre.
Para o caso de quem voltou de locais com muitos casos da doença, a recomendação da OMS é o monitoramento dos sintomas por 14 dias e a medição de temperatura duas vezes por dia.
Fonte:
Hypeness
BBC