1) O que é?
A Cirurgia Pediátrica é a especialidade médica responsável pelo tratamento cirúrgico de doenças congênitas ou adquiridas, desde o período neonatal até o fim da puberdade. Tem área de atuação extensa, envolvendo vários sistemas orgânicos (digestório, respiratório, genitourinário, vascular, tegumentar e musculoesquelético).
A formação do cirurgião pediátrico atualmente dura cinco anos. É necessário cursar Residência Médica em Cirurgia Geral por dois anos, e depois em Cirurgia pediátrica por mais três anos. O cirurgião pediátrico pode atuar tanto na assistência à saúde, quanto nas áreas de pesquisa e ensino.
O cirurgião pediátrico atua em casos cirúrgicos de rotina e emergenciais. Por ser especialidade com grande área de abrangência, normalmente o cirurgião está ligado a algum serviço hospitalar, em conjunto com várias especialidades pediátricas.
O mesmo profissional está apto a tratar desde o recém-nascido que apresente um diagnóstico de malformação congênita que necessite de tratamento cirúrgico, até o adolescente com abdome agudo. Por se dedicar a uma especialidade tão ampla, é necessária atualização teórica frequente, assim como o aprendizado de novas técnicas cirúrgicas.
Por tratar muitas vezes de pacientes com doenças complexas, a prática da especialidade demanda infraestrutura adequada, com disponibilidade de equipamentos e materiais cirúrgicos adequados às diversas faixas etárias, além de suporte de terapia intensiva neonatal e pediátrica.
2) Como é o dia a dia?
A rotina do cirurgião pediátrico é intensa, sendo dividida entre a realização de procedimentos cirúrgicos no centro cirúrgico e, em alguns casos, nas unidades de terapia intensiva ou no setor de emergência. Também são frequentes as avaliações de pacientes internados em diversos setores, assim como em caráter ambulatorial.
3) Oportunidades de trabalho:
Em relação ao mercado de trabalho, o cirurgião pediátrico pode trabalhar em serviços hospitalares, de rotina ou emergência. Há a possibilidade de plantões presenciais (mais frequentes em hospitais gerais) ou alcançáveis (por sobreaviso). Também é possível a prática em consultório privado, atendendo casos cirúrgicos eletivos.
4) Número de especialistas:
No momento, temos aproximadamente 1.300 especialistas registrados pela Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica.
5) Curiosidade(s):
– Mesmo com a rotina intensa, muitas vezes com grande sobrecarga emocional, por tratarmos de pacientes tão pequenos e muitas vezes bastante graves, o dia a dia reserva alegrias e algumas curiosidades. A especialidade muitas vezes é desconhecida pelo público em geral, que acredita que o cirurgião pediátrico é pediatra (clínico) e também cirurgião. É frequente a confusão entre outras especialidades cirúrgicas, como Otorrinolaringologia e Oftalmologia, pelos responsáveis. Muitos pais, na primeira consulta, acreditam que a criança será operada no consultório ou ambulatório, sob anestesia local. Várias vezes brincamos junto com os pacientes (incluindo auscultar e fazer curativos em bonecas e brinquedos) para ganhar sua confiança e permitir a aproximação. Carimbos exercem fascínio sobre as crianças. Deixa-las carimbar uma folha de receituário é um presente para elas. E não é raro tratarmos de toda família, como irmãos e primos e em alguns casos, os pais já tinham sido pacientes do mesmo cirurgião.
6) Especialidades correlacionadas:
O trabalho é realizado em conjunto com as diversas subespecialidades pediátricas, incluindo a Neonatologia e a Terapia intensiva. Há anestesiologistas especializados em Anestesia Pediátrica, que apresenta características particulares, já que a maioria dos procedimentos cirúrgicos na infância são realizados sob sedação ou anestesia geral.
Há também a cooperação dos obstetras em casos específicos de diagnóstico pré-natal de malformações congênitas que deverão ser tratadas cirurgicamente. Os radiologistas pediátricos também são extremamente importantes no dia a dia da especialidade, nos auxiliando nos vários diagnósticos, assim como os anátomo-patologistas.
Outros profissionais também são essenciais no cuidado com as crianças, como técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
7) Área de atuação:
A área de atuação do cirurgião pediátrico é bastante ampla. Apesar de não haver subdivisões reconhecidas na especialidade, podemos citar as seguintes áreas:
– Pré-natal: diagnóstico de malformações congênitas durante a gestação, com programação para correção cirúrgica após o nascimento. Em alguns casos, o procedimento cirúrgico pode ser realizado ainda no útero.
– Neonatal: compreende os pacientes desde o nascimento até o vigésimo oitavo dia de vida, prematuros ou nascidos a termo. Nessa faixa etária predominam as malformações congênitas.
– Cirurgia pediátrica geral: após o período neonatal, envolve tanto malformações congênitas com diagnóstico mais tardio, assim como outras patologias de caráter eletivo ou de urgência, dos diversos sistemas orgânicos.
– Urologia pediátrica: investigação e tratamento de doenças do sistema urinário.
– Cirurgia de trauma: o profissional atua em serviços de emergência, sendo imprescindível a sua presença no tratamento de crianças politraumatizadas, que apresentam características distintas dos adultos.
– Cirurgia oncológica: tumores, benignos ou malignos, têm apresentação diferenciada em crianças, inclusive com características histológicas específicas, que determinam o tratamento.
– Videolaparoscopia: na verdade, não se trata de área de atuação, pois pode ser aplicada em várias situações da prática diária da especialidade, mas necessita de treinamento específico e intensivo do profissional.
8) Mensagem para quem quer seguir essa especialidade:
Aos estudantes de Medicina que se interessem pela especialidade, é importante entender que a criança não é um adulto em miniatura. Por se tratar de um organismo em desenvolvimento, apresenta características próprias. A formação do cirurgião, de qualquer especialidade, é longa e demanda muita persistência e dedicação, mas os resultados muitas vezes são recompensadores. As crianças têm uma recuperação pós-operatória surpreendente e são muito afetivas com seus médicos. É importante o estudo frequente de Embriologia, para compreender a etiologia de grande parte das doenças tratadas pelo especialista. Também é necessário bom conhecimento de Pediatria, para auxiliar o diagnóstico e complementar a terapêutica cirúrgica.
Fonte:
Portal PebMed