A hipercolesterolemia familiar é caracterizada por níveis severamente elevados de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e doença cardiovascular prematura. A eficácia a curto prazo da terapêutica com estatina em crianças está bem estabelecida, mas estudos de acompanhamento mais longos avaliando mudanças no risco de doença cardiovascular são escassos.
Em estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine (NEJM), pesquisadores fizeram um acompanhamento de 20 anos de terapia com estatinas em crianças. Um total de 214 pacientes com hipercolesterolemia familiar (confirmada geneticamente em 98% dos pacientes), que foram previamente participantes de um estudo controlado por placebo, avaliando a eficácia e a segurança em 2 anos da pravastatina, foram convidados para acompanhamento, juntamente com seus 95 irmãos não afetados pela hipercolesterolemia familiar.
Os participantes preencheram um questionário, forneceram amostras de sangue e realizaram medidas da espessura da camada íntima-média da carótida. A incidência de doença cardiovascular entre os pacientes com hipercolesterolemia familiar foi comparada a dos 156 pais afetados.
Da coorte original, 184 de 214 pacientes com hipercolesterolemia familiar (86%) e 77 de 95 irmãos (81%) foram observados no acompanhamento; entre os 214 pacientes, dados sobre eventos cardiovasculares e morte por causas cardiovasculares estavam disponíveis para 203 (95%) e 214 (100%), respectivamente.
O nível médio de colesterol LDL nos pacientes diminuiu de 237,3 para 160,7 mg por decilitro (de 6,13 para 4,16 mmol por litro) – uma redução de 32% em relação ao nível basal; os objetivos do tratamento (colesterol LDL <100 mg por decilitro [2,59 mmol por litro]) foram alcançados em 37 pacientes (20%).
A progressão média da espessura da camada íntima-média da carótida durante todo o período de acompanhamento foi de 0,0056 mm por ano em pacientes com hipercolesterolemia familiar e 0,0057 mm por ano em irmãos (diferença média ajustada por sexo, -0,0001 mm por ano; intervalo de confiança de 95%, -0,0010 a 0,0008).
A incidência cumulativa de eventos cardiovasculares e de morte por causas cardiovasculares aos 39 anos de idade foi menor entre os pacientes com hipercolesterolemia familiar do que entre os pais afetados (1% vs. 26% e 0% vs. 7%, respectivamente).
Neste estudo, o início da terapêutica com estatinas durante a infância em pacientes com hipercolesterolemia familiar diminuiu a progressão da espessura da camada íntima-média da carótida e reduziu o risco de doença cardiovascular na idade adulta.
O estudo foi financiado pela Academic Medical Center (AMC) Foundation.
Original: https://www.news.med.br/p/medical-journal/1349018/nejm+acompanhamento+de+criancas+com+hipercolesterolemia+familiar+em+uso+de+estatinas+por+20+anos.htm
Relacionados
Novembro 10, 2024
Outubro 27, 2024