As intervenções de saúde sexual realizadas pelos pais estão associadas a melhores resultados para a saúde sexual dos adolescentes?
Esse tipo de intervenção recebeu considerável atenção como um fator que pode aumentar o comportamento sexual mais seguro entre os jovens; no entanto, até onde sabemos, as evidências que ligam as intervenções realizadas pelos pais aos comportamentos sexuais dos jovens não foram sintetizadas empiricamente.
Neste estudo, publicado pelo JAMA Pediatrics, buscou-se examinar a associação de intervenções de saúde sexual feitas pelos pais com três resultados primários para os jovens — atraso na atividade sexual, uso de preservativos e comunicação sexual entre pais e filhos — bem como vários desfechos secundários. Também foram explorados possíveis moderadores da eficácia da intervenção.
Foi realizada uma pesquisa sistemática de estudos publicados até março de 2018 utilizando as bases de dados MEDLINE, PsycINFO, Communication Source e CINAHL, além de artigos de revisão relevantes.
Os estudos foram incluídos se:
(1) A amostra fosse de adolescentes (média de idade, ≤ 18 anos)
(2) Incluíssem pais em um componente chave de intervenção
(3) Avaliassem os efeitos do programa com projetos experimentais / quase-experimentais
(4) Incluíssem um resultado comportamental relatado pelos adolescentes
(5) Consistissem de uma amostra baseada nos EUA
(6) Fossem publicados em inglês
Diferença média padronizada (d) e intervalos de confiança de 95% foram calculados a partir de estudos e meta-analisados usando modelos de efeitos aleatórios. Uma análise secundária avaliou possíveis variáveis moderadoras.
Os desfechos primários foram atraso na atividade sexual, uso de preservativos e comunicação sexual.
Resultados independentes de 31 artigos relatando sobre 12.464 adolescentes (idade média = 12,3 anos) foram sintetizados. Entre os estudos, houve uma associação significativa de intervenções realizadas pelos pais com melhor uso do preservativo (d = 0,32; IC 95%, 0,13-0,51; P = 0,001) e comunicação sexual entre pais e filhos (d = 0,27; IC 95%, 0,19-0,35; P = 0,001).
Não foram encontradas diferenças significativas entre as intervenções realizadas pelos pais e os programas de controle para retardar a atividade sexual (d = -0,06; IC 95%, -0,14 a 0,02; P = 0,16).
As associações para uso de preservativo foram heterogêneas. Análises de moderação revelaram associações maiores para intervenções voltadas para adolescentes mais jovens, em comparação com adolescentes mais velhos; voltadas para jovens negros ou hispânicos, em comparação com amostras de raça/etnia mistas; voltadas para pais e adolescentes igualmente, em comparação com a ênfase apenas nos pais; e que incluíram uma dose de programa de 10 horas ou mais em comparação com uma dose menor.
O estudo concluiu que houve uma associação significativa de intervenções realizadas pelos pais com o melhor uso do preservativo e a comunicação sexual entre pais e filhos em comparação com as condições de controle, mas não houve associação significativa dessas intervenções com o atraso da atividade sexual dos adolescentes.
Programas de saúde sexual baseados nos pais podem promover comportamentos e cognições sexuais mais seguros em adolescentes, embora os resultados desta análise tenham sido geralmente modestos. Análises de moderação indicaram várias áreas nas quais programas futuros poderiam dar atenção adicional para melhorar a eficácia potencial.
No geral, as intervenções realizadas pelos pais podem melhorar vários aspectos da saúde sexual e tomada de decisão dos adolescentes.
Original: https://www.news.med.br/p/medical-journal/1341923/jama+pediatrics+avaliacao+de+intervencoes+dos+pais+para+a+saude+sexual+do+adolescente.htm
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