Um pastor de 46 anos morreu de infecção pelo vírus Ebola em Goma, República Democrática do Congo, esta semana. Quase um ano após o início do surto de ebola, a OMS convocou uma reunião de alto nível para analisar a resposta e solicitar uma abordagem coordenada mais ampla com os parceiros da ONU antes da publicação do quarto plano estratégico de resposta (SRP4) pelo governo. O tom da reunião foi desafiador e transmitiu uma mudança definitiva na narrativa, em desacordo com aqueles que afirmam que o surto do vírus Ebola está sob controle. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que irá reunir novamente o Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional. Em meio a um imenso déficit de financiamento, a mensagem era clara: o mundo agora deve despertar para a fragilidade da resposta ao surto.
As principais questões foram a necessidade de reconstruir a confiança nas comunidades afetadas e as preocupações sobre a disseminação adicional para os países vizinhos. Foram feitos agradecimentos a algumas nações do G7 e francófonos que ainda não se comprometeram com o financiamento. Mas repetidas solicitações por transparência operacional e financeira e prestação de contas podem explicar em parte porque os doadores não investiram totalmente na resposta até o momento.
Para chegar a zero casos, a escolha foi clara: uma resposta cara e demorada ou uma resposta direcionada mais curta e menos dispendiosa. O Dr. Tedros afirmou que o conflito de longa data é o principal desafio e que o Ebola, o sarampo e a cólera são todos sintomas da causa subjacente. Ele ressaltou que “a liderança do governo [da República Democrática do Congo] é a chave para o sucesso dessa luta”.Mas alguns especialistas argumentam que o conflito, a pobreza e as questões de governança extrapolam a esfera do setor da saúde e não devem prejudicar o tratamento da epidemia agora.
A abordagem proposta parece ser uma ampliação das estratégias existentes lideradas pela República Democrática do Congo, que convida os doadores a aumentar seu financiamento. No entanto, a OMS, reconhecendo a natureza política desta crise, reconhece que a solução exigirá muito mais do que capacidade técnica e investimento financeiro. O esperado SRP4 sob a liderança do governo da RDC será suficiente? Possivelmente. Mas possivelmente não. O que é de suma importância agora é que a comunidade internacional se reúna de forma mais assertiva para conter rapidamente o vírus.
Fonte:
The Lancet
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