Segundo o Ministério da Saúde no período entre julho de 2017 e abril de 2018 foram confirmados 1.127 casos de febre amarela no país e 328 óbitos. O vírus é endêmico na região norte do Brasil, contudo, em 2017 uma onda epizoótica dirigiu-se sentido região sudeste, colocando grandes centros urbanos, como São Paulo e Campinas, na trilha da doença. Esse cenário implicaria na necessidade de vacinação de 30 milhões de pessoas.
O mosquito Haemagogus, vetor do vírus, necessita de um ambiente silvestre para sobreviver. Através de fragmentos florestais o vírus encontrou caminho para atingir a região sudeste. Já nos centros urbanos encontra como aliado de disseminação o mosquito Aedes aegypti. Ainda não há um tratamento antiviral especifico, portanto a vacina é a melhor estratégia.
Na busca por políticas públicas para conter o avanço da doença, o veterinário e epidemiologista Adriano Pinter, pesquisador da SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias), viabilizou um modelo epidemiológico que permite descrever o sentido, a velocidade e os prováveis caminhos (corredores ecológicos funcionais) do vírus da febre amarela. O mapeamento do agente é baseado na presença de macacos infectados, cada local no qual um primata foi encontrado é marcado no mapa com sua localização e data precisa. O conjunto dessas marcações gera uma visualização topográfica da dispersão espacial do vírus e o tempo que levou para se deslocar entre fragmentos florestais.
A análise dos dados coletados identificou corredores ecológicos funcionais e potenciais para a disseminação e quantificou que a velocidade de deslocamento do vírus é de 2,5 a 2,6 km/dia. Com essas informações foi possível estimar a provável data de chegada do vírus em regiões próximas a centros urbanos.
Com a delimitação espaço-tempo dos corredores é possível realizar uma triagem das áreas de risco e acionar medidas de prevenção antes mesmo da chegada do vírus. Os mapas fornecidos por Pinter embasaram as decisões da Secretaria de Saúde quanto à campanha de vacinação: ao invés de utilizar a estratégia de vacinar todos os moradores em um raio de 30 quilômetros do ponto onde um macaco foi encontrado passou a vacinar somente os moradores das áreas de risco determinadas pelo estudo.
A técnica se mostrou bastante adequada uma vez que garante otimização do estoque vacinal, reduz potenciais reações adversas à vacina e permite uma ação por antecipação, cumprindo assim com excelência o papel profilático da vacina.
Fontes:
Ministério da Saúde;
Organização Mundial da Saúde;
Pesquisa FAPESP: Na trilha da febre amarela.
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