Pesquisadores do Instituto Calos Chagas (ICC/ Fiocruz Paraná), em nova pesquisa realizada, abrem novas perspectivas para o tratamento de câncer, em especial da Leucemia Linfóide Aguda (LLA) – que atinge com mais frequência crianças e jovens.
Desde 1970, a terapêutica da doença é baseada no manuseio da enzima asparaginase extraída de bactérias. No Brasil, cerca de 4 mil pacientes dependem deste tipo de medicamento, importado e utilizado pelos serviços de oncologia do Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo desenvolveu uma versão inovadora da asparaginase humana, que após alterações estruturais tornou-se mais ativa bioquimicamente – conferindo a ela um potencial terapêutico. Tal descoberta permite novas perspectivas para o tratamento com uma enzima mais especifica e menos tóxica, uma contribuição importante para o tratamento da leucemia infantil.
Por não ser obtida a partir de bactérias, a asparaginase humana não apresenta forte reação do sistema imunológico, diminuindo assim os efeitos adversos no paciente. As células humanas produzem a asparaginase, porém a proteína nativa não apresenta atividade suficiente para utilização como medicamento. Diante da investigação da estrutura dessa molécula natural, então, o grupo de pesquisadores promoveram mudanças estruturais ao longo de quatro anos que resultaram em atividade compatível com potencial uso terapêutico.
Além da redução dos efeitos colaterais, outro fator muito importante seria a disponibilidade do fármaco no nosso país. Sabe-se que hoje o Brasil importe a asparaginase bacteriana utilizada no SUS. A partir do estudo, há esperança de produção nacional do biofármaco e seu posterior uso no tratamento da leucemia, melhorando o tratamento, barateando seu custo e reduzindo a dependência das importações.
Nesse contexto, essa pesquisa reforça a importância de avanços na pesquisa científica na área da sáude no nosso país. As próximas etapas – de acordo com os pesquisadores – se resume em otimizar a produção do fármaco, chegando a quantidades suficientes para realização de testes pré-clínicos a fim de confirmar o potencial farmacológico dessa enzima.
Fonte: Site do Cremerj
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