Em uma das edições de aniversário da revista EXAME, que comemora seus 50 anos com uma série de reportagens sobre tecnologia e inovação em diversas esferas do conhecimento, a matéria “Cérebro, A Fronteira Final” traz como recorte temático o novo fôlego das pesquisas na área da neurociência. Com a finalidade de explicitar os impactos que esse tipo de pesquisa tem sobre a sociedade atual, o tema aborda a perspectiva de que compreender o funcionamento do cérebro será a chave para tratar doenças e criar hábitos saudáveis.
Apesar da importância do cérebro para o desenvolvimento das atividades humanas como conhecemos hoje, é espantoso o quão pouco se conhece sobre os mecanismos de ação desse órgão. Para tentar se obter um esclarecimento maior sobre seu funcionamento, em dezembro de 2016 foi instalado, no Instituto Max Planck para a Cognição Humana e Ciências do Cérebro, na cidade alemã de Leipzig, o poderoso aparelho de ressonância magnética chamado de CONNECTOM, produzido sob encomenda pelo conglomerado alemão Siemens. O equipamento é até quatro vezes mais poderoso que um aparelho moderno disponível num hospital, afirma o pesquisador Harald Möller, o que é importante por duas razões: obter imagens mais nítidas da massa encefálica e realizar pesquisas no nível celular em tempo real, ou seja, com o cérebro humano vivo. Esse fato permite que os cientistas consigam acompanhar a evolução das regiões cerebrais ao longo do tempo na tentativa de desvendar os mecanismos da aprendizagem, do raciocínio e das desordens mentais.
Para Nikolaus Weiskopf, um dos diretores do Instituto, a possibilidade de se ter toda essa visibilidade do cérebro é importante porque cada mudança sutil nas microestruturas cerebrais pode causar doenças. “Nós olhamos para a microestrutura ao mesmo tempo em que investigamos as funções cerebrais de determinadas áreas. Se eu encontrar diferenças nas estruturas, preciso saber como isso afeta a função”, diz.
Esse não é um grande potencial apenas para a neurociência, mas também para a psiquiatria. Problemas psiquiátricos estão associados a alguma alteração na estrutura cerebral. Por essa razão, compreender a plasticidade do cérebro através das técnicas de imagem, pode fornecer base para descobrir novos tratamentos para alcoolismo, desordens alimentares e estresse pós traumático, por exemplo. Além disso, os pesquisadores esperam que seja possível treinar o cérebro para driblar áreas lesionadas após um AVC ou atacar doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.
Por todos esses motivos, o Connectom apresenta para a sociedade científica uma nova possibilidade de compreensão eficiente do funcionamento do cérebro. A partir daí, transferir os conhecimentos adquiridos pelas pesquisas realizadas através do equipamento para tratar doenças, promover mudança de hábito e bem estar é apenas uma questão de tempo.
Fonte: Revista EXAME
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Janeiro 29, 2025