Diferença Náuseas e Vômitos
Náuseas e vômitos são sintomas muito comuns que podem ser causados por uma grande variedade de condições.
Náusea é o termo usado para descrever a sensação de que você vai vomitar, mas não são os vômitos em si, nem significam que você irá vomitar com certeza. Sudorese fria, sialorreia, hipotonia gástrica e refluxo do conteúdo intestinal para estômago são sintomas associados às náuseas.
O vômito é um reflexo incontrolável que expele o conteúdo do estômago através da boca.
Ambos os sintomas são muito comuns e podem ser causados por uma ampla variedade de fatores. Eles ocorrem em crianças e adultos, embora sejam mais comuns em mulheres grávidas e pacientes submetidos a tratamentos de câncer.
Normalmente o vômito é inofensivo, mas pode ser um sinal de uma doença mais grave. Alguns exemplos de doenças graves que podem resultar em náusea ou vômito incluem infarto agudo do miocárdio, contusões, meningite, obstrução intestinal, apendicite e tumores cerebrais.
Raramente, vômitos podem rasgar a mucosa do esôfago e causar sangramento, também conhecido como uma síndrome de Mallory-Weiss. Se o esôfago é rompido e perfurado, isso é chamado de síndrome de Boerhaave, e é uma emergência médica.
Vômitos na gravidez
Durante a gravidez, podem ocorrer vômitos em decorrência das alterações hormonais. Por outro lado, vômitos recorrentes podem estar associados a uma condição chamada hiperêmese gravídica, em que a mãe pode desenvolver desequilíbrios de fluidos e de minerais, que colocam em perigo a sua vida ou a do feto.
Certos cheiros trazem a sensação de náusea e esta reação pode estar exacerbada durante o primeiro trimestre da gravidez, embora também possa ocorrer em pessoas que não estão grávidas. A náusea que é induzida pela gravidez geralmente desaparece no segundo trimestre.
Vômitos em crianças
As causas mais comuns de vômitos em crianças são as infecções virais e intoxicação alimentar. No entanto, o vômito também pode ser causado por cinetose, tosse e comer demais.
Em crianças muito jovens, bloqueios no intestino também podem causar vômitos persistentes. Os intestinos podem ser bloqueados por uma hérnia, cálculos biliares ou tumores. Isso é raro, mas deve ser investigado.
Vômitos em adultos
A maioria dos adultos raramente vomita. Quando isso ocorre, o vômito é geralmente causado por abuso de álcool ou outras substâncias, uma infecção bacteriana ou viral, ou um tipo de intoxicação alimentar. Em alguns casos, vômitos também podem ser ocasionados por outras doenças, como doenças cardiovasculares, neoplasias e infecções.
Causas
Náuseas e vômitos podem ocorrer separadamente ou em conjunto. As causas mais comuns incluem:
Quimioterapia;
Gastroparesia (mau funcionamento dos músculos do estômago);
Anestesia Geral;
Enxaqueca;
Cinetose;
Abuso ou overdose de álcool, substâncias ilícitas ou substâncias tóxicas;
Rotavírus;
Vertigem;
Gastroenterite Viral;
Intoxicação Alimentar.
Há casos menos comuns de doenças que podem causar náuseas e vômitos, como:
Doença de Addison; Hepatite alcoólica; Anafilaxia; Anorexia nervosa; Apendicite; Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB); Cérebro AVM (malformação arteriovenosa); Hemorragia cerebral; AVC; Tumor cerebral; Bulimia nervosa; Doença renal crônica; Hiperplasia adrenal congênita; Doença de Crohn; Síndrome de vômito cíclico; Depressão; Cetoacidose diabética; Tonturas; Infecção no ouvido (ouvido médio); Convulsões; Cálculos biliares; Transtorno de ansiedade generalizada; Doença do refluxo gastroesofágico; Lesão na cabeça; Infarto; Insuficiência cardíaca; Doença de Hirschsprung; Hidrocefalia; Hiperparatiroidismo; Hipertireoidismo; Hipoparatireoidismo; Isquemia intestinal; Obstrução intestinal; Hematoma intracraniano; Intussuscepção (em crianças); Síndrome do intestino irritável; Câncer de fígado; Insuficiência hepática; Doença de Ménière; Meningite; Alergia ao leite (em bebês e crianças); Dor de estômago não ulcerosa; Câncer de pâncreas; Pancreatite; Gastrite; Úlcera péptica; Porfiria; Pseudotumor cerebral; Estenose pilórica (em crianças); Radioterapia; Fibrose retroperitoneal; Transtorno de ansiedade social; Epilepsia; Traumatismo crânio-encefálico.
FASES DO VÔMITO
– Fase de pré-ejeção;
– Fase de ejeção;
– Fase de pós-ejeção.
CLASSIFICAÇÃO:
– Agudos
1ª 24h – Serotonina;
– Tardios
Após 24h – 2 a 4 dias;
– Refratários
Ocorrem apesar das medidas profiláticas e terapêuticas;
Antecipatórios;
Desencadeados por lembranças do estímulo emetogênico (tratamento ou do ambiente).
Mecanismo do Vômito
Como já citado, o vômito é um reflexo que faz parte de um dos mecanismos de defesa do organismo. É uma expulsão vigorosa do conteúdo gástrico e as vezes intestinal. Existem neurônios centrais que coordenam a ação do vômito; normalmente, são desencadeados por processos infecciosos irritativos do conteúdo gastrointestinal, mas muito modificados pelo substrato emocional e por drogas, medicamentos de modo geral. O mecanismo inteiro é guiado e controlado pelo cérebro e por seu centro bulbar do vômito.
– O centro do vômito do cérebro:
A região bulbar com relação ao quarto ventrículo do cérebro hospeda o centro do vômito. O assoalho do quarto ventrículo contém uma área chamada Zona do Gatilho dos Quimiorreceptor (Área Póstrema). Quanto essa região é estimulada, vômitos podem ocorrer.
A Área Póstrema contém receptores para a dopamina (D2), para a serotonina (5-HT3), para os opiáceos, para a acetilcolina (M) e para a substância P do neurotransmissor (NK1). Quando estimulados, cada um destes receptores desencadeia cascatas de sinalizações que produzem os mecanismos das náuseas e dos vômitos.
A Área Póstrema encontra-se fora da Barreira Hematoencefálica (BHE). Normalmente, BHE controla a permeabilidade de substâncias que chegam ao SNC. Os fármacos e os demais produtos químicos no sangue têm o acesso seletivo ao SNC quando protegido pela BHE. A BHE, contudo, não engloba a Área Póstrema, então drogas e outras moléculas são capazes de estimular esta região e provocar o vômito. Os anti-eméticos agem justamente nesse alvo, sendo usados para tratar o vômito por inibir receptores envolvidos nas vias efetoras nesse local.
– Vias que chegam à Área Póstrema para desencadear vômitos:
I) Entradas do sistema vestibular da orelha interna: através do oitavo nervo craniano (vestibulococlear), vias aferentes passam pelo cerebelo e chegam ao centro bulbar do vômito. São envolvidos nos enjôos que causam as náuseas e os vômitos. Há uma abundância de receptores do tipo H1 (de histamina) neste sistema que podem ser suprimidos por anti-histamínicos específicos para controlar o vômito induzido pelo enjôo (cinetose);
II) O décimo nervo craniano (nervo vago) leva sinais ao centro do vômito quando a parte posterior da garganta ou da faringe é irritada ou estimulada – ocasionando esse reflexo;
III) O Sistema Nervoso Entérico igualmente transmite sinais ao cérebro através do nervo vago. É através deste sistema que a radioterapia, a quimioterapia e a gastroenterite ativam os receptors 5-HT3 que conduzem ao ato de vomitar;
IV) Os receptores da Dopamina (D2) são ativados pelo esforço e por diversas circunstâncias psiquiátricas, podendo estar envolvido nas náuseas e nos vômitos.
– Reflexo do vômito:
1 – Estimulação do centro bulbar emético que conduz à ativação do SN motor, do SNA Simpático e Parassimpático;
2 – O SNA Parassimpático conduz à salivação aumentada;
3 – Taquipneia com aumento de volume corrente precede o vômito real para proteger os pulmões da aspiração;
4 – Náuseas antes do vômito real;
5 – Relaxamento do esfíncter pilórico responsável por controlar o esvaziamento gástrico na parte mais inferior do estômago – permitindo refluxo do conteúdo intestinal;
6 – A pressão dentro do abdômen aumenta e a pressão dentro da caixa torácica é abaixada. Os músculos abdominais se contraem para expelir o conteúdo gástrico;
7 – O SNA simpático conduz, então, à transpiração, à palpitação e à taquicardia.
Sequência de respostas que culminam na êmese:
I) Contração intestinal retrógrada;
II) Abertura do piloro;
III) Abertura da cárdia;
IV) Fechamento do piloro;
V) Contração do diafragma;
VI) Contração dos músculos da parede abdominal;
VII) Protusão da língua.
OBS: É necessária a percepção que o vômito é um reflexo ativo, que depende da contração muscular, o que é diferente da regurgitação do lactente.
Semiologia
– Diagnóstico:
Há quanto tempo vem apresentando vômitos?
Você sabe o que o provoca?
Com que frequência ocorre?
Qual o aspecto?
Quantas vezes por dia? Qual a quantidade?
1) Frequência
Isolados.
Em crises: enxaquecas, processos inflamatórios viscerais etc.
Incoercíveis: gastrites tóxicas endógenas e exógenas, câncer.
2) Volume
3) Composição
3.1) Alimentar
Quimificação: 1 a 2h após a ingestão de alimentos, com secreção normal.
Presença de restos alimentares não-digeridos.
3.2) Suco Gástrico
Aspecto de limonada.
Conteúdo principal é o suco gástrico, podendo ter a presença de bile.
Sabor característico ácido.
Síndrome de Reichmann.
3.3) Biliar
Cor amarelo-esverdeado.
Seu conteúdo poderá ser formado exclusivamente por bile.
Refluxo do conteúdo duodenal para o estômago, e expulsão pela êmese.
3.4) Mucoso
Líquido com pequenos fragmentos de muco.
Sem gosto azedo ou ácido.
Pituíta
3.5) Fecal
Cor castanho-escuro.
Causado pela obstrução do intestino grosso.
Pode ser precedido de outros tipos de vômitos.
3.6) Sangue
Hematêmese.
Melanêmese.
3.7) Pus
Ruptura de abscesso extra-gástrico para o interior do estômago .
4) Odor
Ácido penetrante: secreção ácido normal
Sem cheiro : aquilia ( vômito aquoso).
Fecal: cheiro de fezes
5) Relações com as refeições
Imediato = até meia hora depois
Precoce = de 1 a 2 horas
Tardio = depois de 3 horas
Ultratardio ou estase = depois de 6 horas