A Food and Drug Administration (FDA) – agência que regulamenta alimentos e medicamentos nos Estados Unidos – relata em novo documento que ao longo do ano de 2016 cinco pessoas tiveram sua morte relacionada ao uso de balões intragástricos como terapia da obesidade. Segundo o relatório, três das vítimas vieram a óbito alguns dias após a colocação do balão. Já as outras duas ocorreram cerca de um mês depois da inserção do balão, e foram associadas as possíveis complicações do tratamento, tais como perfuração no estômago ou no esôfago.
O balão intragástrico foi criado para auxiliar temporariamente na perda de peso e no controle do apetite de pacientes obesos. Ao reduzir o espaço disponível para alimentos no estômago, o uso do dispositivo repercute no organismo com sintomas associados a uma maior saciedade e a anorexia – perda de apetite, auxiliando no emagrecimento.
Por meio da endoscopia, um ou dois balões são introduzidos na boca, passando pelo esôfago e chegando no estômago ainda vazios. Em seguida, o dispositivo é preenchido com uma mistura de soro fisiológico e azul de metileno, que serve para alertar o rompimento do balão. Caso isso ocorra, a substância azulada denuncia tingindo a urina.
O prazo de validade é de seis meses e a necessidade do uso deve ser avaliada por um médico. O Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil, indica que sua utilização são as mesmas do tratamento cirúrgico para obesidade: pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 40 ou maior do que 35 com comorbidades (doenças agravadas pela obesidade) que tenham sido tratados clinicamente durante dois anos, sem sucesso.
Há, ainda, o risco de que o balão intragástrico – apesar de mais seguro hoje em dia – se rompa e siga ao intestino, provocando obstrução do fluxo intestinal ou até mesmo perfuração de outros órgãos. Cólicas, náuseas, refluxos e vômitos também podem surgir como sintomas associados à presença do corpo estranho no trato gastrointestinal – comum nas duas primeiras semanas. Outro ponto negativo é a eficácia limitada do dispositivo, já que, ao contrário da cirurgia, não provoca mudanças fisiológicas e hormonais capazes de controlar as comorbidades, como diabetes.
Tendo em vista as possíveis complicações nos pacientes que utilizam o balão intragástrico – como pancreatite aguda e inflamações – em feveiro deste ano, a FDA havia recomendado que os profissionais de saúde monitorassem esses indivíduos a fim de evitar esses efeitos colaterais. Apesar do alerta, a FDA afirma que ainda não há uma comprovação da associação direta entre o uso dos balões intragástrico e as mortes relatadas. Mais detalhes precisam ser colhidos e apurados para confirmação desse fato.
Fonte: http://veja.abril.com.br/saude
Autor: Rafael Kader
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