Continuando o nosso artigo, vamos falar de mais alguns parâmetros envolvidos nos testes diagnósticos. Já falamos sobre sensibilidade e especificidade.
Existe também o valor preditivo, que é sinônimo de probabilidade pós-teste. Já a prevalência e probabilidade pré-teste são equivalentes.
Probabilidade pré-teste = prevalência
Probabilidade pós-teste = valor preditivo
O valor preditivo pode ser positivo (VPP) ou negativo (VPN). O VPP é a probabilidade do paciente ter a doença em caso de teste positivo, enquanto o VPN é a chance do paciente não ter a doença em caso de teste negativo.
Mas por que isso? Vamos novamente usar uma tabela de contingência como exemplo.
Doentes | Saudáveis | ||
Teste positivo | 22 (a) | 3 (b) | 25 (a+b) |
Teste negativo | 20 (c) | 55 (d) | 75 (c+d) |
42 (a+c) | 58 (b+d) |
A prevalência da doença na nossa “população” é a razão entre o total de doentes e a população em geral (a+c/a+b+c+d). Neste caso, 42/100 = 42%. Isto significa que se pegarmos uma pessoa aleatória da população, a chance dela ter a doença é 42%. Por isso que a prevalência e probabilidade pré-teste são sinônimos.
Já o valor preditivo é a probabilidade pós-teste pois ele depende não só da prevalência como também do teste aplicado e, consequentemente, sua sensibilidade e especificidade. Existem fórmulas que calculam o VPP e VPN através dos valores da sensibilidade, especificidade e prevalência, mas não iremos mencioná-las. A maneira mais simples de se calcular o VPP é a razão entre os doentes com teste positivo e todos aqueles que tiveram teste positivo (a/a+b). Já o VPN é a razão entre os saudáveis negativos e todos os que tiveram teste negativo (d/c+d).
Vale ressaltar que o VPP e o VPN NÃO traduzem exclusivamente a precisão do teste, pois depende também da prevalência. É só pensar na seguinte situação: o resultado do exame seria relevante se a prevalência fosse de 0%? E se fosse 100%? É um tanto complexo demonstrar em termos matemáticos, mas tenha em mente que quanto mais próxima a probabilidade pré-teste for de 50%, mais útil será o teste, ou seja maior será o incremento que ele dará entre a probabilidade pré-teste para a pós-teste.
Fonte: McGee SR. Evidence-Based Physical Diagnosis. 3rd ed. Philadelphia: Elsevier/Saunders; 2012.