Ao mesmo tempo que nos EUA o número de casos de infecções de pele mais que dobrou entre a década de 90 e os anos 2000, percebeu-se que o MRSA adquirido na comunidade (CA-MRSA) é o principal agente etiológico das infecções purulentas de pele. A principal medida terapêutica dos abscessos cutâneos é a drenagem, mas os antibióticos também são usados, notavelmente o trimetoprim-sulfametoxazol (cotrimoxazol). Entretanto, não é claro na literatura se o uso adjuvante deste antibiótico com a drenagem é benéfico ou não. Alguns pequenos estudos mostraram que o cotrimoxazol como complemento à drenagem não traz benefício algum, mas faltam estudos maiores que possam avaliar melhor essa questão.
Este estudo duplo-cego recrutou 1.265 pacientes atendidos em serviços de emergência dos EUA entre Abril de 2009 e Abril de 2013 afim de elucidar essa dúvida. Todos eles foram submetidos à drenagem, sendo que 636 receberam cotrimoxazol adjuvante enquanto 629 receberam placebo. Ao final do estudo, foram usados os dados de 509 pacientes do grupo controle e 504 do grupo em tratamento.
Esta pesquisa concluiu que o grupo tratado se beneficiou do uso de cotrimoxazol. Este grupo apresentou maior índice de cura, além de uma menor incidência de complicações. Os efeitos adversos foram um pouco mais frequentes, mas somente sintomas gastrointestinais inocentes. Como a droga apresenta um baixo custo, seu uso é útil visto ele reduz os possíveis custos futuros como reatendimentos, hospitalizações e drenagens cirúrgicas de abcessos que podem complicar na evolução.
Os pacientes foram tratados com cotrimoxazol na dose de 80mg de trimetoprim + 400mg de sulfametoxazol, 4 comprimidos duas vezes ao dia como orienta as recomendações atuais.
Fonte: Talan DA, Mower WR, Krishnadasan A, Abrahamian FM, Lovecchio F, Karras DJ, et al. Trimethoprim–Sulfamethoxazole versus Placebo for Uncomplicated Skin Abscess. New England Journal of Medicine. 2016;374(9):823-32.
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Dezembro 10, 2023