Pergunta : Augusto ( Universidade Federal de Uberlândia )
Olá Dr. Mário, ainda estou na graduação, mas pelos assuntos vistos, venho me interessando por áreas como patologia, oncologia clínica e oncologia cirúrgica e acho que futuramente posso fazer uma residência médica em uma dessas áreas. Gostaria de saber sobre a qualidade de vida, remuneração e futuro profissional de cada uma dessas especialidades.
Pergunta : Augusto ( Universidade Federal de Uberlândia )
Olá Dr. Mário, ainda estou na graduação, mas pelos assuntos vistos, venho me interessando por áreas como patologia, oncologia clínica e oncologia cirúrgica e acho que futuramente posso fazer uma residência médica em uma dessas áreas. Gostaria de saber sobre a qualidade de vida, remuneração e futuro profissional de cada uma dessas especialidades.
Resposta :
A época certa para se fazer a escolha da especialidade é no nono ou décimo período. Até lá vc deve ir coletando o máximo de informações sobre as diferentes especialidades e também ir conversando com alguns especialistas das diferentes áreas.
A escolha da especialidade deve ser a mais racional possível, sendo de grande importância, já que implica em cerca de 40 anos de atividade profissional.
Devemos, acima de tudo, levar em consideração 3 aspectos :
1. A qualidade de vida que a especialidade proporciona.
2. A remuneração que esta especialidade permite.
3. O prazer e conforto de lidar com o tipo de paciente dessa especialidade.
Numa fase inicial, a escolha precisa apenas recair em :
1.Uma especialidade cirúrgica – aí vai ter que passar primeiro na cirurgia geral.
2.Uma especialidade clínica – aí vai precisar, primeiramente, passar pela residência de clínica médica.
3.Uma especialidade de acesso direto- aí precisa conhecer bem essas possibilidades, ou seja quais são as características de : otorrino, oftalmo, ortopedia, radiologia, dermatologia, pediatria, neurocirurgia…
Como vai ser o seu dia a dia em cada uma dessas especialidades talvez seja o aspecto mais importante a considerar. Para tentar casar suas características pessoais com as características das especialidades, sugiro que vc faça o teste vocacional de nosso site e analise com cuidado as 5 primeiras opções apontadas no seu teste.
De qq modo, aí vão alguns detalhes das especialidades citadas por vc. :
A patologia clínica realmente não é uma boa especialidade médica. Além do profissional competir com farmacêuticos e bioquímicos, que normalmente gerenciam esses serviços e ficam enciumados com médicos ocupando o espaço que consideram deles, o mercado de laboratórios está cada vez mais “consolidado”, ou seja está sob o controle dos grandes grupos, que dominando o mercado, colocam os salários dos profissionais bem abaixo do que deveriam.
Não existe mais espaço para laboratórios pequenos e artesanais pois os planos de saúde pagam valores pequenos por exames e os laboratórios pequenos não conseguem ter escala para gerar altos faturamentos e ficam com equipamentos ociosos.
Os fabricantes dos equipamentos laboratoriais mais modernos, que são caros, trabalham em sistema de comodato e exigem compra mínima alta de kits, o que não é possível acompanhar com um laboratório pequeno.
Além disso, o médico especialista nessa área, não tem quase nenhum relacionamento com pacientes, perdendo o encantamento da medicina de se relacionar com pessoas e tratá-las de alguma doença.
Talvez por isso, o mercado esteja absolutamente carente de patologistas.
A oncologia é uma das especialidades que mais tem evoluído nos últimos tempos, já que muitos tipos de câncer passaram a ser tratados com bastante sucesso.
A clientela do oncologista (cancerologista clínico) vem aumentando bastante com a valorização da importância que se tem dado ao diagnóstico precoce dos vários tipos de câncer, através de exames preventivos de rotina, como colonoscopia, mamografia, preventivo de câncer de colo uterino e de próstata, além da preocupação atual com o câncer de pele. A detecção destas patologias em estágio inicial faz com que a oncologia seja uma boa opção do ponto de vista mercadológico.
Como aspecto negativo para a oncologia, vale a pena ressaltar que é considerada uma especialidade “triste”, pelo tipo de paciente com que lida e com muitas patologias de mal prognóstico. Conviver com a morte de pacientes e com cuidados com pacientes terminais exige do profissional uma estrutura pessoal forte e nem todos conseguem lidar bem com isso.
A qualidade de vida do profissional é razoável, os ganhos financeiros são bons e o mercado é carente de bons profissionais.
Um oncologista clínico, depois de amadurecer na profissão, conseguir através de um marketing bem feito alcançar um certo prestígio, atendendo somente pacientes particulares de uma cidade grande, cobrando R$ 400,00 por uma consulta, atendendo apenas 5 pacientes por dia , 4 dias da semana (deixe um dia para descansar) estará conseguindo rendimentos mensais de aproximadamente R$ 32.000,00.
A esse valor ainda podem ser acrescidos algum salario de emprego que possua em hospitais ou pareceres de pacientes internados e/ou alguma quimioterapia ( se fizer isso em unidade própria )
O programa de residência médica em cancerologia clinica tem a duração de 3 anos, sendo exigido como pré requisito a residência em clinica médica.
No site da sociedade brasileira de oncologia clinica (www.sboc.org.br) vc pode encontrar mais informações sobre os serviços credenciados e sobre as competências exigidas para o profissional dessa área.
Se vc pensa em cirurgia oncológica, vale lembrar que em um primeiro momento você não deve estar preocupado em escolher exatamente qual especialidade cirúrgica vai optar, porque para todas elas vc vai necessitar fazer primeiro a residência de cirurgia geral; assim não sofra por antecedência. Durante a residência em cirurgia geral, vc vai ter oportunidade de conviver diretamente com essas sub-especialidades e assim terá mais condições de fazer uma boa escolha.
Em relação à cirurgia oncológica, é uma especialidade cada vez mais em crescente pelo aumento da faixa etária da população e consequentemente mais casos de câncer e muitos deles com necessidade cirúrgica. Portanto não existe nenhuma possibilidade do cirurgião oncológico deixar de existir ou ser substituído pelos oncologistas clínicos.
Sucesso
Mário Novais