A estimativa é de que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo tenham níveis baixos de vitamina D. Vale lembrar que diversos fatores, internos e externos, influenciam no nível sérico desta vitamina, como obesidade, exposição solar, atividade física, estado nutricional, pigmentação da pele e uso de medicações. As dosagens de vitamina D e o constante questionamento dos pacientes sobre esse tópico, me levaram a pesquisar alguns artigos para entender melhor o papel desta vitamina e as indicações na literatura para sua reposição.
Vitamina D: O que preciso saber?
A estimativa é de que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo tenham níveis baixos de vitamina D. As necessidades diárias são de 600 UI/dia para pessoas de 1 a 70 anos e de 800 UI/dia para pessoas acima desta faixa etária. Vale lembrar que diversos fatores, internos e externos, influenciam no nível sérico desta vitamina, como obesidade, exposição solar, atividade física, estado nutricional, pigmentação da pele e uso de medicações. As dosagens de vitamina D e o constante questionamento dos pacientes sobre esse tópico, me levaram a pesquisar alguns artigos para entender melhor o papel desta vitamina e as indicações na literatura para sua reposição.
A vitamina D3 é produzida na pele por uma reação fotolítica mediada pelos raios solares UVB. Em seguida, a vitamina D3 entra na circulação e é convertida no fígado, por enzimas da família P450, em 25-hidroxivitamina-D3 ou 25(OH)D3 ou também calcidiol. Por ser o metabólito mais estável da vitamina D, sua dosagem é o teste mais indicado para avaliar a carga corpórea de vitamina D. O 25(OH)D3 é convertido nos rins em 1,25-diidroxivitamina D3 ou calcitriol. As medidas dos níveis séricos de calcitriol está indicada na insuficiência renal crônica. Agora, um ponto importante: sua síntese é estimulada pelo paratormônio (PTH), de modo que uma queda na 25(OH)D3 estimula a produção de PTH.
A exposição da pele ao sol, portanto, seria a maneira fisiológica mais eficiente para a manutenção de níveis adequados deste oligoelemento. É importante ressaltar que ainda não há definição de qual tempo de exposição solar seria seguro em relação ao risco de câncer de pele, limitando a universalidade desta recomendação. Devido à maior relevância da vitamina D endógena, as fontes alimentares são em geral insuficientes para se atingir as necessidades mínimas diárias. São especialmente ricos em vitamina D produtos com óleo de peixe, como salmão fresco, atum e óleo de fígado de bacalhau. Mas atenção: segundo alguns autores, apensa mudanças no estilo de vida não são eficazes em melhorar os níveis de vitamina D, não sendo, portanto, uma boa opção para os casos de deficiência comprovada.
O nível sérico ideal, em teoria, seria aquele necessário para manter o PTH em níveis adequados. A Sociedade de Endocrinologia Norte-Americana sugere deficiência para valores 20 ng/ml, insuficiência entre 20 e 29 ng/ml e nível ideal como 30 ng/ml.
Além das relações já conhecidas entre a falta de vitamina D e doenças ósseas (no intestino, a vitamina D estimula a absorção de cálcio e fósforo), como o raquitismo infantil e a osteomalácia do adulto, recentemente tem-se dado grande atenção para sua possível associação com manifestações não ósseas, como a doença cardiovascular, o diabetes mellitus e alguns tipos de cânceres. Apesar de existirem algumas evidências científicas, ainda não é possível estabelecer vínculo de causalidade entre baixos níveis séricos de 25(OH)D3 e estas entidades. Muitos dos estudos já publicados são observacionais, incapazes de demonstrar uma relação de causalidade, e muitos possuem a hipovitaminose D apenas como desfecho secundário; o manejo correto de variáveis de confusão também é discutido como interferência substancial. Desse modo, não são recomendadas, para a população geral, nem a dosagem de rotina nem a suplementação dietética da vitamina D com fins preventivos.
É preconizada, entretanto, a realização de dosagens em casos de maior risco, como os idosos (especialmente com história de quedas ou fraturas não-traumáticas), pacientes com osteoporose, doença renal crônica, síndromes de mal-absorção, doenças granulomatosas, pacientes em uso de anticonvulsivantes, glicocorticoides, anti-retrovirais ou antifúngicos, pacientes com doença hepática crônica e crianças e adultos obesos.
Em casos de tratamento da deficiência de vitamina D, são necessárias doses diárias de 6.000 UI/dia até que sejam atingidos os níveis adequados ou doses semanais de 50.000 UI por 6 a 8 semanas; o uso de doses elevadas anuais não é recomendado.
Quadro de Conceitos – As necessidades diárias de vitamina D são de 600 UI/dia para pessoas de 1 a 70 anos e de 800 UI/dia para pessoas acima desta faixa etária. – Não são recomendadas, para a população geral, nem a dosagem de rotina nem a suplementação dietética da vitamina D com fins – Valores de referência: deficiência 20 ng/ml insuficiência entre 20 e 29 ng/ml ideal 30 ng/ml. – Posologia da reposição: doses diárias de 6.000 UI/dia até que sejam atingidos os níveis adequados ou doses semanais de 50.000 UI por 6 a 8 semanas.
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Igor Torturella
Bibliografia:
1) Resumo do Simpósio em Vitamina D – IV Encontro SBEM-RS
2) Lichtemstein et al (2013). Vitamina D: ações extraósseas e uso racional.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302013000500015&lng=en&nrm=iso
3) López et al (2010). Vitamina D profiláctica.
http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1139-76322010000400012&lng=es&nrm=iso
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