A insuficiência cardíaca congestiva, não é uma doença do coração por si só, mas uma incapacidade do coração efetuar suas funções de forma satisfatória como consequência de outras enfermidades. É comum a associação com DPOC (acomete mais de 35% dos pacientes com ICC) .
Muito se discute sobre o uso de betabloqueadores para os pacientes com ICC e DPOC
A insuficiência cardíaca congestiva, não é uma doença do coração por si só, mas uma incapacidade do coração efetuar suas funções de forma satisfatória como consequência de outras enfermidades. É comum a associação com DPOC (acomete mais de 35% dos pacientes com ICC) .
Muito se discute sobre o uso de betabloqueadores para os pacientes com ICC e DPOC
, já que esse tratamento é benéfico para o primeiro e pode ser prejudicial para o segundo.A maioria dos médicos prefere evitar o uso desses fármacos em pacientes com obstrução reversível de vias aéreas, pois esses podem aumentar a obstrução pelo bloqueio do efeito broncodilatador do beta agonismo.
Os beta bloqueadores cardiosseletivos foram desenvolvidos, em parte, para evitar esse efeito.
Essa cautela é injustificada na DPOC. Estudos recentes indicam que o uso a longo prazo de um beta bloqueador pode reduzir o risco de óbito ou de exacerbações agudas da DPOC. O mecanismo desse efeito é desconhecido.
Um estudo feito na Holanda por Rutten and cols conduziu uma revisão retrospectiva, para determinar o uso de beta bloqueadores na DPOC.
A revisão analisou o risco no o uso de qualquer betabloqueador e para os seletivos e não seletivos. 27,2% dos pacientes que tomavam beta bloqueadores faleceram, contra 32,3% dos que não tomavam. O benefício dos bloqueadores seletivos foi aproximadamente o dobro dos não seletivos.
Exacerbações agudas ocorreram em 42,7% entre os que tomavam beta bloqueadores e 49,3% entre os que não tomavam. Concluindo que o tratamento com betabloqueador pode reduzir o risco de exacerbações e melhorar a sobrevida em pacientes com DPOC.
Um estudo conduzido feito no instituto do coração (InCor) concluiu que o uso de betabloqueadores para o tratamento de pacientes com ICC e DPOC concomitantes se mostrou seguro e o seu uso deve ser encorajado nestes pacientes.
Os estudos têm limitações, principalmente por ser retrospectivo e por não ter o mecanismo de ação detalhado (possivelmente como resultado de propriedades protetoras duplas cardiopulmonares). Tais incertezas poderiam ser avaliadas por um estudo prospectivo bem desenhado.
Um artigo de revisão do Journal of the American College of Cardiology propõe o seguinte esquema:
1. DPOC sem componente obstrutivo reversível importante –> Metropolol ou Carvedilol.
2. DPOC com componente obstrutivo reversível importante –> beta 1 seletivo.
3. DPOC exacerbado -> não usar betabloqueador.
Referências:
http://content.onlinejacc.org/
Rutten FH, Zuithoff NP, Hak E, Grobbee DE, Hoes AW
Beta-blockers may reduce mortality and risk of exacerbations in patients with chronic obstructive pulmonary disease.
Arch Intern Med. 2010 May 24; 170(10): 880-7. |
Julius Center for Health Sciences and Primary Care, University Medical Center Utrecht, |
Instituto do Coração – InCor-HCFMUSP São Paulo SP BRASIL e Liga de Insuficiência Cardíaca da FMUSP São Paulo SP BRASIL