De acordo com estudo inédito, convivência diária com fumantes, principalmente após os 20 anos de idade, aumenta chances de desenvolver hipertensão – doença com impacto direto em diferentes órgãos, como o coração.
Elie Fiss, pneumologista e pesquisador sênior do Hospital Oswaldo Cruz explica o tema:
Responsável por mais de 30% dos óbitos causados por câncer, o tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas engana-se quem acredita que o perigo afeta apenas fumantes.
De acordo com dados inéditos apresentados no Euro Heart Care de 2019, congresso científico da Sociedade Europeia de Cardiologia, o tabagismo passivo – inalação inconsciente de fumaça de outras pessoas queimando cigarros, charutos ou cachimbos – foi associado a um aumento de 13% no risco de pressão alta (hipertensão). Viver com um fumante após os 20 anos de idade foi associado a um risco 15% maior. Ainda de acordo com o estudo apresentado pela Universidade de Sungkyunkwan, Seul, da Coréia, a exposição ao tabagismo passivo por dez anos ou mais estava relacionada a um aumento de 17% no risco de hipertensão. Homens e mulheres foram igualmente afetados.
A hipertensão foi significativamente mais comum em pessoas expostas ao fumo passivo em casa ou no trabalho (7,2%) em comparação com a não exposição (5,5%). O estudo, considerado um dos maiores a avaliar a associação entre fumo passivo e hipertensão, avaliou 131.739 pessoas que nunca fumaram, com idade média de 35 anos. O estudo em não fumantes mostra que o risco de hipertensão é maior com maior duração do tabagismo passivo — mesmo em quantidades baixas.
Hoje, sabe-se que a pressão alta é a principal causa global de morte prematura. Ao inalar fumaça de cigarro, mais de 4.700 substâncias tóxicas são introduzidas no organismo. “Não importa quem acendeu o cigarro. Ao inalar a fumaça, qualquer pessoa que estiver no mesmo ambiente que o fumante poderá sofrer consequências graves”, explica Elie Fiss, médico pneumologista e pesquisador sênior do Hospital Oswaldo Cruz. Os principais cânceres relacionados à inalação da fumaça do cigarro são os de pulmão, vias aéreas e brônquios, fígado e bexiga.
A maioria das crianças também é afetada pelo tabagismo passivo dentro de casa, com uma taxa maior que a dos adultos. Filhos de pais fumantes têm até cinco vezes mais infecções respiratórias Entre os principais problemas imediatos estão tosse, resfriado, cárie dentária e até infecções de ouvido. Mães não fumantes quando expostas à fumaça passiva podem ter alto risco de dar à luz bebês com baixo peso. “Produtos químicos tóxicos como nicotina e cotinina, presentes na fumaça, podem danificar cérebro e pulmões de feto e recém-nascidos” complementa o médico.
Fonte:
Oswaldo Cruz