Existem várias maneiras de se “guardar” o dinheiro que sobra. A maioria das pessoas coloca 100% da sua reserva financeira na poupança. Isto é errado. Como já foi dito em outro artigo, o rendimento da poupança é muito baixo e geralmente o que está guardado acaba sendo corroído pela inflação. Mais ainda, devemos ter “cofres” separados dependendo do uso que iremos fazer do dinheiro economizado. Em outras palavras, se o uso que você faz ou fará do dinheiro é variado (ex: pagar contas, comprar a casa dos sonhos, abrir uma empresa…), por que deveríamos guardar a totalidade das nossas reservas em um único lugar?
De uma maneira geral, devemos ter três tipos diferentes de reservas:
Note o tamanho de cada reserva. Quanto maior o porquinho, maior é o montante que devemos guardar nele.
O nosso cofre de emergência é reservado para as situações que não foram previstas, como desemprego por exemplo. Isto significa que este dinheiro deve ter uma cifra significativa para termos segurança e deve ser facilmente disponível para que possamos movimentá-lo rapidamente.
O segundo cofre nada mais é que a nossa conta corrente. É onde a movimentação financeira é maior, pois é por onde entra a nossa renda (salário, lucro da empresa…) e também por onde sai a maior parte do nosso capital (pagando contas mensais, aluguel, financiamento do carro…). O nosso objetivo é manter o mínimo de dinheiro aqui, pois este tipo de fundo só serve para pagar o nosso custo de vida, uma vez que não existe rendimento do dinheiro aplicado.
O terceiro cofre é o mais rico, pois aqui quanto mais dinheiro tivermos, mais dinheiro teremos no futuro. Ele até pode ser também usado em emergências, mas apenas em casos excepcionais. O dinheiro aqui será usado apenas depois de muito tempo, pois é ele que irá patrocinar nossos sonhos. Isto depende de você. Pode ser desde comprar a casa própria até fazer aquela volta ao mundo que sempre quis.
Agora vamos falar dos 3 fatores que influenciam as aplicações e, consequentemente, cada um dos nossos cofrinhos.
O primeiro deles é o risco. Como o próprio nome já diz, ele se refere à chance dos seus planos darem errado. A poupança apresenta risco quase nulo, pois sabemos que todo mês ela tem rendimento praticamente previsto. Desconsiderando a inflação, ninguém nunca perdeu dinheiro com a poupança. Isso explica porque tantos leigos a usam. Já a bolsa de valores pode ter risco muito alto, dependendo de qual empresa você comprou as ações. Uma empresa nova no mercado geralmente possui papéis de alto risco, pois como ela não está bem estabelecida no mercado, ela pode quebrar da noite para o dia e os acionistas podem ficar a ver navios.
Já a rentabilidade trata de quanto sua aplicação cresce em relação a um período de tempo. Em geral fala-se de rentabilidade de X% ao mês ou ao ano. Exemplo: rentabilidade de 1% ao mês significa que para cada 100 reais aplicados em um mês, no mês seguinte você terá 1 real a mais do que o mês anterior.
O último fator é a liquidez, que nada mais é do que a facilidade de retirar de volta o dinheiro. A poupança apresenta liquidez imediata, pois não existe carência e o dinheiro é facilmente usado para ser sacado ou pagar contas. Já as ações tem liquidez não tão alta. Se eu comprei papéis da Petrobras e agora quero retirar o dinheiro aplicado, o processo é um pouco mais complicado e não é imediato.
Por último, é importante ressaltar que existe um tradeoff entre risco, rentabilidade e liquidez. Para se ter um deles alto, pelo menos um dos outros dois será baixo. Ainda usando o exemplo da conta poupança, note que ela tem baixo risco e altíssima liquidez. Muito bom isso não? Pois é, pena que a rentabilidade é muito baixa. Já o mercado mobiliário (de ações) pode ter alta rentabilidade, mas a liquidez é menor e o risco pode ser alto (pergunte para quem tinha ações da Petrobras).
Agora que temos em mente os 3 fatores que regem as aplicações, vamos usá-los para analisar cada um dos nossos cofres.
O cofre de emergência deve ter essencialmente alta liquidez e baixo risco, por isso aqui uma poupança seria talvez uma boa opção.
Já o cofre corrente deve ser a conta corrente mesmo, pois apenas a liquidez importa.
Já para os investimentos o que buscamos depende do perfil do investidor. Alguns arriscam mais, outros menos, mas na maioria das vezes aqui a liquidez será baixa.
O melhor investimento dependerá do objetivo que temos para ele. Pretendo retirar esse dinheiro daqui a 40 anos para usar como previdência privada ou daqui a 5 para fazer a lua de mel em Fiji?
Nos próximos artigos iremos destrinchar melhor os diferentes tipos de investimento.
Autor: Yan Carvalho